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Executivo revela atuação de operador do PMDB na Andrade Gutierrez

12:20 | 01/07/2015
O engenheiro Paulo Dalmazzo, ex-funcionário da Andrade Gutierrez e preso pela Operação Lava Jato, afirmou à Polícia Federal na segunda-feira, 29, que o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe foi apresentado como sendo uma pessoa que já mantinha relações com a empreiteira, 'antes de seu ingresso na empresa'. Segundo Dalmazzo, o lobista se dizia representante da empresa espanhola Acciona.

Fernando Baiano é apontado pelos investigadores da Lava Jato como operador de propinas do PMDB no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ele também está preso e já é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. O esquema de pagamento de propinas a agentes públicos e políticos, entre 2004 e 2014, foi desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.

"Fernando teria apresentado projetos na área de coqueamento junto a Arábia Saudita, iniciativa que não foi concretizada 'porque o projeto não andou', não recordando de outro projeto que o mesmo tenha apresentado", disse Dalmazzo.

O engenheiro afirmou que Fernando Baiano foi apresentado a ele por Elton Negrão, executivo da Andrade Gutierrez preso pela Erga Omnes, a nova etapa da Lava Jato que mirou também a Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi detido.

A transcrição do depoimento de Dalmazzo. "Que, Fernando foi apresentado a sua pessoa por Elton Negrão, tratando com este e com o declarante quanto a assuntos pertinentes a área de Óleo e Gás (industrial), não sabendo se o mesmo tratava com outros executivos acerca de outras áreas de atuação da Andrade Gutierrez."

De acordo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, a Andrade Gutierrez pagou propinas para o PMDB. O delator afirma que os valores foram "cobrados e geridos" por Fernando Baiano, a partir de 2008 ou 2009. Baiano teria substituído o doleiro Alberto Youssef no esquema.

Dalmazzo não soube dizer se Fernando Baiano prestou algum serviço de consultoria ou assessoria, 'podendo afirmar que, na época em que o declarante esteve na empresa. isso não ocorreu na sua área'.

Em depoimento à PF em 19 de maio, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, admitiu à força-tarefa da Lava Jato ter sido procurado por Fernando Baiano, para que a empreiteira fizesse doações de campanha ao PMDB. Azevedo também foi preso em 19 de junho.

"Que Fernando Baiano, em uma oportunidade, abordou o declarante, solicitando doação oficial de campanha, possivelmente para o PMDB, o que foi prontamente rechaçado, haja vista que já existia um critério pré estabelecido de doação para o diretório nacional sem a existência de intermediários", afirmou o executivo.

Otávio Marques de Azevedo declarou que manteve "relação institucional" com pelo menos seis políticos do PMDB, incluindo o vice-presidente da República Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ).

"Que conheceu e teve relação institucional com os seguintes políticos do PMDB: Michel Temer, Eliseu Padilha (ministro da Aviação Civil), Eduardo Cunha, Eduardo Paes (prefeito do Rio), Sergio Cabral (ex-governador do Rio e alvo de inquérito na Lava Jato), Aloisio Vasconcelos, dentre outros".

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