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Metade da bancada do PT apresenta manifesto e pede troca da direção da sigla

18:15 | 11/06/2015
Trinta e três deputados do PT assinaram um manifesto que, entre outros pontos, reconhece erros cometidos pela legenda, pede a revisão da política de alianças e a renovação da direção do partido. O documento foi apresentado nesta tarde em ato no Salão Verde da Câmara dos Deputados e é encabeçado por parlamentares da corrente interna Mensagem ao Partido, da qual fazem parte o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Apesar disso, o deputado Paulo Teixeira (SP) afirmou que também há signatários de outras cinco tendências: Articulação de Esquerda, Movimento PT, Militância PT, Construindo um Novo Brasil (CNB) e Esquerda Popular Socialista (EPS).

"Reconhecemos que erros foram cometidos e precisamos corrigi-los", destacou Teixeira. "Precisamos mudar o PT para continuar mudando o Brasil", acrescentou Alessandro Molon (RJ). Os deputados pediram a convocação de um novo congresso em novembro, de caráter "constituinte", para a substituição da direção partidária. "O manifesto provoca. Ele sai dessa lógica de tendências e abre um processo consistente de oxigenação do partido", justificou Teixeira.

O teor do manifesto "Mudar o PT para continuar mudando o Brasil", que será levado ao 5º Congresso do PT em Salvador, foi antecipado nesta quinta-feira, 11, pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Logo no início do texto, os petistas destacam que o partido passa pelo "momento mais difícil" da sua história. O manifesto defende realizações promovidas durante os governos do PT, argumentando que prioridades foram invertidas e que o papel do Estado foi ressignificado. "Nestes 12 anos (...), lideramos a maior transformação social já ocorrida no País", afirmam os deputados, na redação. Em seguida, no entanto, eles reconhecem que "nem tudo saiu como queríamos" e citam como exemplo "fatos graves" envolvendo a Petrobras, numa referência aos escândalos de corrupção que atingiram a empresa e integrantes do PT.

Segundo o documento, a sigla "abdicou do protagonismo na elaboração de propostas para o País". Ele alerta ainda para a "incapacidade" do PT de "interferir nos rumos" do governo. "Exemplos disto são as recentes decisões do governo no sentido de reorganizar a economia, reposicionando o modelo de desenvolvimento que permitiu resultados tão positivos, desde o início do governo Lula, e que tem gerado preocupação nos brasileiros", pontuam os parlamentares, numa crítica à política econômica do ministro da Fazenda Joaquim Levy. Para os signatários do documento, esse "reposicionamento adota políticas de caráter recessivo, com aumento de juros que provoca desaceleração econômica e desemprego."

Estrutura

O manifesto também critica o funcionamento interno do PT. "As eleições internas passaram a ser marcadas por vícios que sempre combatemos nas eleições gerais". "Somos permanentemente atacados por nossos adversários e suas armas mais eficazes contra nós são as contradições que se estabelecem nas práticas de alguns de nossos próprios integrantes", completam os petistas.

Além das mudanças no comando do PT, o manifesto pede a substituição do Processo de Eleição Direta (PED) como o modelo para a eleição dos dirigentes e a criação de um "sistema compartilhado de finanças" na legenda. Outro item advogado pelos petistas é o "combate sem trégua à corrupção", reforçando uma decisão do diretório nacional de expulsar filiados "comprovadamente envolvidos" em malfeitos. O documento afirma por último que é preciso intensificar a campanha por uma "efetiva reforma política" e reavaliar a política de alianças do PT para as eleições de 2016 e de 2018, "de forma a garantir identidade programática" e tendo como base "aliados históricos" do partido.

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