ATUALIZADA ÀS 17h03

O vereador Leonelzinho Alencar (PTdoB) renunciou ao seu cargo na Câmara Municipal de Fortaleza. O presidente da Casa, Salmito Filho (Pros), fez a leitura do pedido de renúncia em plenário e efetivou Gerôncio Coelho (PTdoB), que havia assumido como suplente a vaga aberta pelo afastamento de Leonelzinho, para o posto.

De acordo com a carta lida pelo presidente da Câmara, a renúncia se deu para "preservar a imagem desta Casa". Segundo o documento, o petedbista precisava "dispor de todo o tempo para trabalhar com serenidade em minha defesa". Salmito afirmou que conversou com Leonelzinho antes da decisão, e disse que ele poderia, se desejasse, defender-se das acusações mantendo seu cargo.

O ex-vereador estava afastado da Câmara desde o dia 2, por decisão judicial de Ireylande Prudente Saraiva, da 18ª Vara Criminal de Fortaleza. No mesmo dia, a Procuradoria de Crimes contra a Administração Pública (Procap), do Ministério Público do Ceará (MPCE), a Polícia Civil e a Polícia Federal realizaram buscas e apreensões em diversos endereços ligados ao parlamentar, como seu gabinete na Câmara e em sua ONG, o Instituto Jáder de Alencar, em Messejana. Ele é suspeito irregularidades com recursos de para pagamento de assessores.

Leonelzinho é o segundo vereador a renunciar este ano. E investigado pelo mesmo processo do anterior. No dia 7 de maio, Antonio Farias de Souza, o A Onde É (à época, no PTC), anunciou que deixaria a Câmara. Ele também é investigado por irregularidades com verbas destinadas ao pagamento de assessores, chegando a ser preso em flagrante em setembro. Ricardo Rocha, integrante da Procap que acompanha as duas investigações, afirmou ao O POVO, na época do afastamento, que "surgiram fortes indicios de que a mesma coisa estariam acontecendo no gabinete do vereador Leonel Alencar”. Ele, entretanto, não confirma se contra o vereador pesariam suspeias dos mesmos crimes que contra A Onde É. “Há indícios de uma série de coisas”, disse.

ACUSAÇÕES

A busca e apreensão dentro de seu gabinete foi apenas mais um dentre os vários episódios que envolvem suspeitas contra Leonelzinho Alencar. Elas vão desde envolvimento em roubo de banners até nepotismo.

Em 2011, Leonelzinho foi acusado de receber banners do PSDB roubados. À época, seu maior adversário político na Messejana, o deputado estadual Fernando Hugo (hoje no SD), era tucano.

Em 2012, o MPCE investiga Leonelzinho por, supostamente, seis parentes seus estarem empregados na administração estadual. Segundo dado do Portal da Transparência à época, o próprio parlamentar era lotado na Secretaria Executiva Regional (SER) I e no Fundo Municipal de Saúde.

Em 2013, o Ministério Público Federal investiga o vereador e sua esposa, Adriana Alencar. A acusação era de que ela era beneficiária do Bolsa Família, mesmo com uma renda familiar que superava a casa dos R$10 mil.

Em todas as ocasiões, Leonelzinho se declarou inocente.