Dilma e Obama se encontram em situação oposta
Enquanto a brasileira recém-reeleita vive uma crise de imagem diante dos problemas fiscais e das investigações sobre corrupção, o americano tem conseguido reverter o desgaste vivido também após ser reconduzido ao posto. Dilma hoje é aprovada por 10% da população, índice mais baixo desde os 9% obtidos por Fernando Collor de Mello às vésperas do impeachment.
Obama não está no momento de maior popularidade, mas a curva é ascendente. Depois de cair a 39% em setembro, a aprovação subiu a 46%. O índice é menor que os 50% que reprovam a gestão, mas o americano tem as projeções de crescimento do PIB a favor.
Outra taxa da economia crucial para a popularidade dos presidentes também caminha em direções opostas nos dois países. No primeiro trimestre, o desemprego no Brasil atingiu o maior patamar em dois anos, 7,9%. Nos EUA, depois de chegar a 10,2% em novembro de 2009, primeiro ano de governo Obama, a taxa caiu a 5,5% no mês passado. Com isso, se aproxima do patamar que levará o banco central americano a elevar a taxa de juros pela primeira vez em nove anos, notícia negativa para o Brasil.
Maré alta e baixa
A semana de Obama termina com vitórias em dois itens fundamentais de sua agenda. Na quinta-feira, 25, a Suprema Corte decidiu pela legalidade dos subsídios concedidos a milhões de americanos na reforma do sistema de saúde aprovada de 2010, provavelmente o mais duradouro legado do democrata. "Depois de múltiplos questionamentos desta lei perante a Suprema Corte, o Ato de Cuidado Acessível está aqui para ficar", disse o presidente nos jardins da Casa Branca, usando o nome oficial do Obamacare.
Com a ajuda da oposição republicana, também conseguiu aprovar no Congresso o chamado fast track - autorização para negociar acordos comerciais sem o risco de serem modificados pelo Legislativo. Isso permitirá o avanço da Parceria Transpacífica, tratado que reúne os EUA e 11 países do Pacífico, como Japão, Peru, Colômbia, Chile e México.
Nesta sexta-feira, o democrata festejou a decisão da Suprema Corte de legalizar o casamento gay nos 50 Estados americanos. Apesar de não ser resultado de uma iniciativa do governo, a mudança está alinhada com as posições defendidas por Obama e seu partido. "Esse veredicto é uma vitória para a América", declarou o presidente.
No Brasil, Dilma intercala vitórias e derrotas em uma tumultuada relação com o Congresso. No mais recente revés, a Câmara vinculou a correção dos benefícios da Previdência ao reajuste do salário mínimo, o que eleva os gastos públicos em tempos de ajuste. A presidente também vê pautas das quais discorda avançarem no Legislativo, como a redução da maioridade penal.
No campo externo, Obama também tem conseguido melhorar sua imagem, em especial nas Américas. Há dois meses, teve um histórico encontro com o cubano Raúl Castro, no principal gesto da mudança da posição dos EUA em relação à ilha. Obama decidiu abandonar a política de isolamento adotada há cinco décadas e reaproximar o país do antigo adversário da Guerra Fria, eliminando a principal fonte de irritação no seu relacionamento com a América Latina.
Na terça-feira, 30, quando Dilma e Obama se encontrarão na Casa Branca, o secretário de Estado, John Kerry, estará na Europa com negociadores iranianos e de outras cinco potências mundiais para tentar fechar um acordo em torno do programa nuclear da república islâmica. Se for bem sucedido, entregará a Obama mais um item para a agenda positiva, expressão que Dilma colocou como meta principal. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.