Dinheiro pago a ex-diretor da Eletronorte é fruto de consultoria, diz defesa
O advogado de Coelho, Cleber Lopes, afirmou que seu cliente é engenheiro e trabalhou para o setor privado dando orientações em sua área de atuação. O defensor não explicou quem contratou o ex-diretor. "Ele prestou consultorias para empresas privadas em negócios que não têm relação com os contratos da Eletronorte", afirmou.
Segundo o advogado, além de ter trabalhado diretamente como consultor, Coelho também "pode ter indicado" uma empresa do concunhado, Carlos Eduardo Andrade Macedo, para prestar serviços a empresas na área de tecnologia da informação. Entre elas, estão fornecedoras da Eletronorte, aponta a investigação da Polícia Federal.
"A empresa (de Carlos Eduardo) tem sua atividade profissional estabelecida e prestou vários serviços. Pode ser que, em algum momento, o Winter tenha indicado clientes, mas a empresa prestou os serviços e declarou ao Imposto de Renda. Tudo como se faz", alegou o advogado.
A PF deflagrou nesta quarta-feira a Operação Choque, prendendo o ex-diretor e seu concunhado. Segundo as investigações, uma empresa fantasma, sem funcionários ou endereço comercial, controlada pelos investigados, recebia dinheiro de fornecedores da Eletronorte. Conforme o inquérito, os recursos são propina para viabilizar contratos na área de informática.
Ao quebrar o sigilo de uma conta da empresa, a PF detectou movimentação de R$ 4 milhões. Conforme o advogado, a empresa pertence a Macedo, está registrada na casa dele e exerce atividades regularmente. Ele argumenta que, para funcionar, um escritório de consultoria não tem de manter equipe grande. "Você não precisa ter 20 funcionários, não precisa manter uma sede", disse.
O advogado argumentou também que Coelho, funcionário de carreira da Eletronorte, não tinha poder para influenciar a contratação de empresas pela estatal. "Nós vamos acreditar que o Winter recebeu R$ 4 milhões para ele, sendo que ele não tem ingerência sobre os contratos?", questionou.
Nesta quarta-feira, os dois presos se negaram a prestar depoimento, alegando não ter conhecimento das acusações. O advogado de Coelho negou também que o ex-diretor seja apadrinhado de políticos do PMDB: "O cara é funcionário de carreira há 35 anos".