PUBLICIDADE
Notícias

Vieira é cobrado por posição do País na Venezuela, mas evita criticar país

21:50 | 24/03/2015
Pressionado por senadores sobre a posição brasileira na Venezuela, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esquivou-se de fazer críticas mais duras ao país bolivariano, mas defendeu que as eleições parlamentares, no final deste ano, devem ajudar a diminuir a tensão entre o governo de Nicolás Maduro. Vieira fez um relato dos resultados da visita da comissão de chanceleres da União das Nações Sul-americanas (Unasul) a Caracas, há duas semanas, e que percebeu um "clima de diálogo" e posições convergentes dois lados na defesa das eleições.

"Eu saí com uma impressão positiva, tanto da reunião com a oposição como da reunião com o governo. As posições expressas foram coincidentes de que processo eleitoral é fundamental para solução dos problemas do país", afirmou. "Na reunião com a oposição houve a manifestação unânime de que o problema na Venezuela só será resolvido pela via eleitoral. Eu só posso achar que as condições estão dadas, que as eleições se realizarão nos prazos previstos e dentro dos requisitos da lei".

O ministro foi cobrado, mais de uma vez, pela violação dos direitos humanos no país vizinho, mas evitou o assunto e se ateve a comentários sobre a ação da Unasul.

Na visita da comissão de chanceleres, formada por Brasil, Equador e Colômbia, uma das maiores preocupações era garantir que as eleições legislativas previstas para este ano seriam realizadas. Como a Constituição venezuelana não prevê datas, apenas os períodos de mandato, cabe à Comissão Nacional Eleitoral marcar os dias, tanto da eleição geral como das prévias dos partidos, onde são definidos os candidatos. As prévias já foram marcadas para maio e junho e as eleições em si devem ser em novembro.

A definição do processo acalma um pouco parte da oposição, que vê nas eleições legislativas a possibilidade de derrotar o governo e abrir caminho para a saída de Maduro no referendo revogatório, em 2016, quando a população decide, por votação, se o atual presidente mantém o mandato até o fim ou se devem ser chamadas outras eleições.

O Brasil vem acompanhando de perto a mais recente crise venezuelana. A prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e a invasão das sedes do partido Copei foram vistas como perigosas pelo governo brasileiro, que pela primeira vez criticou em nota, mesmo que levemente, o governo venezuelano. Os contatos do Palácio do Planalto com Caracas tem sido frequentes, e o recado dado é que o Brasil apoia o governo dentro da manutenção da ordem democrática e qualquer ruptura obrigará o País a acionar as cláusulas democráticas do tratado do Mercosul.

Mais Médicos

Além da Venezuela, outro tema que trouxe mais críticas dos senadores foi o programa Mais Médicos, especialmente o contrato para que se traga médicos de Cuba. Vieira foi questionado sobre o contrato com a Organização Pan-americana de Saúde e a condição dos médicos cubanos no Brasil. O ministro, no entanto, tirou o Itamaraty do assunto. "Eu não participei, nem meu antecessor, da elaboração do programa. O Itamaraty participou apenas da elaboração da medida provisória na parte de vistos, não só para cubanos, mas para todos estrangeiros", disse o ministro, explicando a criação de um visto especial, de cooperação em assistência médica, para atender o programa.

TAGS