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Sucessor de Cerveró tinha 11 milhões de euros em conta secreta de Mônaco

17:10 | 17/03/2015
O ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada é o próximo alvo da Operação Lava Jato, no núcleo de agentes públicos da estatal sob suspeita de corrupção para atuar em favor das 16 empreiteiras acusadas de cartelização, pagamento de propina, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro. Ele teve 11,6 milhões de euros bloqueados em duas contas que controlava no banco Julius Baer, no Principado de Mônaco.

Zelada foi sucessor do ex-diretor Nestor Cerveró - preso desde 14 de janeiro - na diretoria que era cota do PMDB no esquema de loteamento político na estatal. O Ministério Público Federal descobriu que Zelada era controlador da conta em nome da offshore Rockfield Internacional S.A.

Na conta da Rockfield Internacional a força tarefa da Lava Jato conseguiu há um mês bloquear a maior parte da fortuna não declarada de Zelada: 11 milhões de euros. Em outra conta aberta no mesmo banco - esta em seu nome - havia mais 32 mil euros.

"Se nós tivéssemos o crime de enriquecimento ilícito, nós estaríamos oferecendo acusação criminal contra Zelada. Porque não o temos, devemos prosseguir nas investigações até alcançarmos provas consistentes para que, aí sim, possamos formular acusações criminais", afirmou o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

Na avaliação de Deltan Dallagnol, o enriquecimento ilícito deveria ser classificado como crime. "� uma das lacunas do nosso sistema jurídico."

"Hoje só podemos acusar agentes públicos por corrupção se nós tivermos prova do ato corrupto. Não basta você provar que uma determinada pessoa, funcionário público, que sempre ganhou valor moderado ao longo da história, tem zilhões de reais no exterior", explicou o coordenador da força tarefa.

A ordem de bloqueio da fortuna de Zelada em Mônaco é a mesma que congelou os 20 milhões de euros que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque tentou ocultar, transferindo os valores da Suíça para o Principado, no fim de 2014.

Monaco

Por conta das movimentações financeiras não declaradas e movimentação suspeita após deflagração da Lava jato, Duque voltou a ser preso nesta segunda feira, 16, pela Operação �Que País é Esse� - frase dita por ele ao se indignar com a primeira prisão de que foi alvo, em 14 de novembro.

Carta Rogatória Internacional, datada de 3 de fevereiro deste ano, subscrita pelo procurador da República Deltan Dallagnol listou as contas de Zelada e da Rockfield como alvos do pedido. Quem determinou o bloqueio em 10 de fevereiro foi o magistrado Pierre Kuentz, juiz de instrução do Tribunal de Primeira Instância de Mônaco.

Foram alvos dos pedidos de bloqueio duas contas em nome da Rockfiel Internacional, com 11,5 milhões de euros, uma conta em nome de Zelada, com 32,3 mil euros. Além de uma conta em nome da Milzarte Overseas Holdings Inc, com 10,2 milhões de euros, e uma em nome de Pamore Assets Inc - ambas controladas por Duque, segundo os investigadores -, com saldo de 10,2 milhões de euros.

O advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes, rebateu com veemência a informação de que o ex-diretor de Serviços mantinha mais de 20 milhões de euros ocultados em instituições financeiras no paraíso fiscal de Mônaco. O advogado estuda ingressar com pedido de habeas corpus para tentar revogar o decreto de prisão preventiva contra seu cliente.

Jorge Luiz Zelada, ex-diretor de Internacional da Petrobrás, não foi localizado pela reportagem.

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