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População tem de se envolver no combate a desvios, afirma secretário de Justiça

11:20 | 24/03/2015
Cinco dias após a presidente Dilma Rousseff anunciar o pacote anticorrupção, o secretário nacional de Justiça e responsável pela compilação das propostas, Beto Vasconcelos, afirmou que o governo pretende criar mecanismos modernos de comunicação para combater não só os desvios em si, mas a sensação de impunidade. "Ou a gente enfrenta e muda o patamar de comunicação com a sociedade ou vamos nos distanciar cada vez mais", disse. Tido como um pupilo de Dilma, Vasconcelos também considera que os protestos contra o governo são o "preço" pago pela "coragem" de se permitir o combate à corrupção.

"Em medidas de combate à corrupção e à impunidade não podemos trabalhar com o conceito de suficiência. É preciso trabalhar com a persistência e continuidade na elaboração de políticas públicas. O crime organizado - corruptos e corruptores - se organiza para burlar leis e o nosso dever é fazer (o combate) de forma mais eficaz e estruturada do que o crime organizado", afirma Vasconcelos sobre o que mais poderia ter sido feito além do pacote anticorrupção do governo.

O secretário de Justiça complementa que as medidas do governo se somam a outras que vêm sendo adotadas "especialmente de 2003 para cá". E destaca ainda "o reconhecimento da autonomia do Ministério Público Federal, o fortalecimento da Polícia Federal, e a Controladoria-Geral da União com status de ministério". "No período do presidente Lula e da presidente Dilma foram criados a Lei da Ficha Limpa, o aperfeiçoamento da lei de lavagem, a criação da lei de combate a organizações criminosas e a Lei Anticorrupção."

Sobre o momento delicado na relação entre Executivo e Legislativo, já que o pacote tem projetos que dependem do Congresso, Vasconcelos destaca que "não só as instituições pautaram como importantes o combate à corrupção e à impunidade, como a sociedade o fez. É uma pauta prioritária do governo e de várias instituições. O Legislativo fará o mesmo".

15 de março

"Quando se combate a corrupção com firmeza, um efeito imediato é tirar do desconhecimento atos de corrupção que até então eram praticados. A impressão que fica é a de que todas essas ações aumentaram a corrupção, quando na verdade são medidas e instrumentos adotados para combatê-la", afirma Vasconcelos sobre os protestos que levaram milhares de pessoas as ruas no dia 15 de março.

Para melhorar o diálogo com a sociedade, o secretário acredita em "mecanismos modernos de comunicação". "A população quer se ver envolvida nesse combate. Ninguém mais usa o telefone, é tudo pelo WhatsApp. Ou enfrentamos e mudamos o patamar de comunicação com a sociedade ou vamos nos distanciar cada vez mais. E o que precisamos fazer no combate à corrupção e à impunidade em todas as esferas do poder é a aproximação da sociedade conosco".

Swissleaks

Questionado sobre a situação do Brasil em relação ao vazamento de dados do HSBC na Suíça, Beto Vasconcelos crê em "uma ação conjunta entre vários órgãos do governo, como PF, Receita e Coaf, em parceria com o Ministério Público Federal e a Justiça". E completa: "A cooperação internacional deve ser formalizada nesta semana. Enquanto isso, temos o cuidado de saber que quaisquer nomes de titulares de contas não significam necessariamente que praticaram um crime". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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