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'Omissão' do governo sobre autoritarismo na Venezuela é inaceitável, diz Aécio

19:10 | 24/02/2015
Em pronunciamento no Senado, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), criticou, nesta terça-feira, 24, o que considera "silêncio" e "inaceitável omissão" do governo da presidente Dilma Rousseff em relação ao que considera "escalada do autoritarismo" na Venezuela promovida pelo presidente Nicolás Maduro.

O tucano conclamou o Congresso Nacional, diante da "omissão" do governo federal, a se manifestar em solidariedade às liberdades democráticas do país vizinho.

As críticas do tucano referem-se à escalada da repressão à oposição na Venezuela. Na quinta-feira da semana passada, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, foi detido por agentes de inteligência em seu escritório particular sob a acusação de "conspirar" contra o governo de Maduro.

"A posição conivente e silenciosa do Brasil com tudo isso é inaceitável e, ao meu ver, vergonhosa. A presidente da Republica não pode se esconder sobre o princípio de não interferência nos assuntos internos de um país para deixar de agir em caso de tamanha gravidade", afirmou o tucano.

Na sexta-feira, 20, Dilma recebeu as credenciais da nova embaixadora venezuelana, María Lourdes Urbaneja, e disse que não poderia comentar "questões internas" daquele país. Questionada se não havia constrangimento em receber as credenciais da embaixadora de um país que detém líderes políticos contrários ao governo, Dilma afirmou que as relações entre Brasil e Venezuela são boas e, por isto, o País não poderia interferir em assuntos do vizinho.

"Não posso receber um embaixador com base apenas nas questões internas do país. Recebo os embaixadores com base nas relações que estabelecem com o Brasil", declarou a presidente.

Aécio disse que não será de se estranhar caso, em breve, ocorra um banho de sangue naquele país sul-americano e destacou que o Brasil vai pagar um preço "muito alto" por sua omissão. "A ação ou inação do governo Dilma, mais do que falar sobre o que ocorre nesse país de povos irmãos, desnudará o grau de respeito que consignamos aos princípios democráticos em nossa região e ao nosso país", destacou.

O presidente do PSDB disse que o Senado e a Câmara dos Deputados precisam se manifestar quanto ao cerceamento de liberdades com as recentes prisões de políticos e diante da decisão do governo venezuelano de liberar o uso de armas letais em manifestações.

Ele afirmou que o Brasil deveria se manifestar assim como já o fizeram a Colômbia e o Chile e lembrou que, pelo Protocolo de Ushuaia - assinado em 1988 pelos integrantes à época do Mercosul e que reafirmou os compromissos democráticos do bloco -, os países precisam se inteirar sobre os assuntos internos dos demais.

O tucano defendeu que o Legislativo faça uma moção de censura ao governo venezuelano e que o Congresso constitua uma comissão ou mande representantes para visitar o país vizinho.

Aécio lembrou que, em 2007, a oposição votou contra a entrada da Venezuela no Mercosul por já enxergar, na ocasião, falta de respeito à democracia daquele país, à época governado pelo ex-presidente Hugo Chávez. Em dezembro passado, o Brasil assumiu a presidência do Mercosul.

As declarações de Aécio provocaram um debate em plenário. Senadores da base aliada, como Ana Amélia (PP-RS), Magno Malta (PR-ES), Gladson Cameli (PP-AC) e Waldemir Moka (PMDB-MS), Sérgio Petecão (PSD-AC), Blairo Maggi (PR-MT) e Reguffe (PDT-DF), criticaram a situação por que passa o país vizinho.

"Esse massacre que as oposições na Venezuela estão sofrendo é uma violência inaceitável", afirmou Ana Amélia. "Não é possível que o Brasil possa assistir a tudo isso e nada fazer", criticou Moka. "Esse caminho que estão trilhando é o caminho da ditadura", reforçou Maggi. "Na minha concepção, o governo do nosso país não deve se calar diante disso", concluiu Reguffe.

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