Defesa de executivo quer acesso a dados de interceptações telefônicas
A medida ocorre após a audiência do delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo, o principal responsável pelas interceptações telefônicas e telemáticas da operação, na qual Moro requisitou que a Polícia Federal apresente em dez dias cópias dos materiais referentes ao monitoramento dos aparelhos Blackberry de alguns dos alvos, entre eles o doleiro Alberto Youssef.
Anselmo depôs na segunda-feira, 2, como testemunha de acusação no processo da Lava Jato. Para o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Pessoa, "a determinação não deve ser feita ao próprio delegado de polícia e testemunha de acusação, mas sim, às próprias companhias telefônicas e à própria RIM (empresa do Blackberry, no Canadá), para que elas, que como é sabido, guardam todos os registros".
Dentre os registros solicitados estão as trocas de ofícios entre a PF e as empresas de telefonia, inclusive a canadense, todo o conteúdo das interceptações e os extratos telefônicos das contas monitoradas, bem como o período em que as escutas foram realizadas.
A iniciativa faz parte da estratégia de defesa de alguns empreiteiros, que alegam que a Lava Jato fez "ponte direta" com a direção-geral da Polícia Federal, em Brasília, e com a operadora RIM, do Canadá, para monitoramento de conteúdo do Blackberry utilizado por investigados. A defesa argumenta que sem passar pelo crivo da Justiça, a Lava Jato não podia ter feito esse contato direto.
Na audiência realizada na segunda-feira, contudo, o delegado Márcio Anselmo negou irregularidades nas escutas e disse que as medidas foram tomadas com autorização judicial, por intermediada PF em Brasília, como é feita em toda interceptação do tipo.