Juiz determina quebra de sigilo telefônico de repórter e jornal
A determinação atendeu a uma solicitação da PF, feita a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Após a reportagem, o procurador federal Álvaro Stipp contatou Abreu para que apontasse suas fontes. Diante da negativa, o indiciou por quebra de sigilo judicial.
Sem identificar as fontes do repórter, a PF pediu encerramento do inquérito no início deste ano, mas o procurador Svamer Adriano Cordeiro, que assumiu o caso, pediu a quebra do sigilo atendida por Lettiere. O juiz dá prazo de 30 dias para que as operadoras forneçam os números em nome de Allan de Abreu e do jornal, além da relação de ligações feitas pelos aparelhos. "Observo nos autos indícios de fatos graves a serem apurados", diz o juiz em despacho.
O Diário da Região vai recorrer da decisão, afirma o editor chefe, Fabrício Carareto. "O que mais nos espanta é que a Justiça, ao invés de lutar para preservar a liberdade de imprensa, faz o contrário, com esta decisão arbitrária", afirmou. "Estamos assustados. Foi uma decisão que me pegou de surpresa porque a própria PF já tinha arquivado o caso. Acho assustador porque restringe o trabalho de jornalistas", disse o jornalista Allan de Abreu.
A decisão foi alvo de críticas de entidades de classe. "É contra o princípio constitucional de sigilo da fonte jornalística, princípio básico para a liberdade de imprensa, para a livre expressão e para a democracia", declarou o presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota condenando a quebra de sigilo e faz um alerta para a possibilidade de se tornar um "precedente perigoso não só para a atividade jornalística, mas para a liberdade de expressão". A consequência imediata, segundo a Abraji, é o afastamento entre fontes e jornalistas. A associação lembra que nem a Lei de Imprensa foi tão longe, uma vez que em mais de um artigo garantia a inviolabilidade da fonte. "Esperamos que a Justiça reforme essa decisão", disse o presidente da Abraji, José Roberto de Toledo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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