Irmão de ex-ministro ajudava Alberto Youssef
Ã? o que afirmam o Ministério Público Federal e a PolÃcia Federal ao descrever o papel dos "mulas" da lavanderia criada por Youssef. Eles utilizavam voos comerciais, jatos particulares e carros blindados para transportar recursos que a organização criminosa denunciada movimentou entre 2009 e 2014, em associação com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
"Youssef é lÃder de uma organização criminosa (...) especializada em operações à margem do sistema financeiro nacional formada por subordinados diretos, parceiros de confiança, Â?laranjasÂ? e Â?mulasÂ? que carregam os numerários", afirmam investigadores em uma ação penal em que o doleiro é réu, na Justiça Federal do Paraná.
São descritos quatro "mulas�, como são apelidados os carregadores de dinheiro: Adarico Negromonte Filho (irmão do ex-ministro Mário Negromonte), Rafael �ngulo Lopez (condenado na Operação Curaçao e investigado no mensalão), Jayme Alves de Oliveira Filho (agente da PF lotado no Rio de Janeiro) e Carlos Rocha (doleiro ligado a outro grupo alvo da Lava Jato).
Do ponto de vista hierárquico, Rafael �ngulo Lopez, de 61 anos, identificado como "Veio", é apontado como figura central. Segundo a investigação, era ele quem controlava o cofre de Youssef quando este não estava em São Paulo. Em sua sala no escritório do doleiro a PF apreendeu uma maleta com cerca de R$ 500 mil, mais R$ 1,3 milhão e US$ 20 mil no cofre.
"Esses valores em espécie eram transportados pelo denunciado, em voos domésticos, ocultados no corpo ou em alguma valise, pela utilização de aviões particulares ou, ainda, valendo-se de veÃculos blindados, de transporte de valores", diz a ação.
Segundo os procuradores, o fato de o réu ter cidadania espanhola e ser idoso facilitava suas viagens com dinheiro à Europa em voos convencionais. A PF identificou ainda nos grampos da Lava Jato que Lopez e Youssef conversaram ou trocaram mensagem 160 vezes no perÃodo em que eram monitorados.
Lopez é reincidente dos crimes de colarinho branco e diretamente ligado ao mensalão. Seu nome apareceu ligado aos negócios do deputado federal José Janene (PP-PR), que morreu em 2010 e era réu do processo e suposto sócio de Youssef. Lopez também é cunhado de Enivaldo Quadrado, que no mensalão foi condenado como proprietário da corretora Bônus-Banval, usada por Marcos Valério Fernandes de Souza. Os agentes afirmam acreditar que a Bônus-Banval era do doleiro, não de Quadrado, agora qualificado como seu funcionário na Lava Jato.
Outro apontado como "mula" de Youssef é Adarico Negromente Filho, o Maringá, irmão do ex-ministro de Cidades Mário Negromonte. Seu nome está registrado em um dos 32 telefones apreendidos com o doleiro em março deste ano. São ao todo 34 trocas de ligação e mensagem com Youssef, alvo dos grampos.
Uma das qualificações dos "mulas" tem a foto do irmão do ex-ministro, sobre a alcunha Maringá e ladeada pela observação: "transporte de dinheiro em espécie. Obs: irmão do ex-ministro Mário Negromonte".
Em documentos apreendidos na sede de uma das empresas de Youssef, a GFD Investimentos, foi encontrada uma tabela de contabilidade com referências a "transferências" com o nome Maringá à frente. Para a PF, são os valores movimentados pelos transportadores e suas participações.
Um agente federal usava seu cargo para facilitar o transporte de dinheiro de Youssef. � Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Ele está lotado no Aeroporto do Galeão, no Rio, e a suspeita da PF é que atuava também como informante do grupo.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente