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Troca de farpas marca debate de candidatos no RS

17:00 | Jul. 24, 2014
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O debate da tarde desta quinta-feira, 23, entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, promovido pela Rádio Guaíba, teve um tom menos diplomático e mais intenso do que o primeiro, no dia 6 de julho. A saúde financeira do Estado esteve no centro das discussões, em especial o projeto de renegociação da dívida com a União, que tramita em Brasília. A administração do atual governador, Tarso Genro (PT), concentrou boa parte das críticas dos participantes, e os pontos altos foram os embates diretos do petista que tenta a reeleição com sua principal adversária, Ana Amélia Lemos, do PP.

No primeiro bloco, os candidatos trouxeram à tona a questão das finanças mesmo quando este não era o tema previamente acertado para a pergunta. Ana Amélia criticou o fato de o Rio Grande do Sul destinar 13% de sua receita líquida ao pagamento da dívida coma União e disse que o alinhamento dos governos petistas, no nível estadual e federal, não trouxe avanço para a situação. "Por que não foi feita até agora uma mudança na relação entre Estado e União?", perguntou. "A sangria dos juros compromete ações de política pública no Estado."

Na sequência, Tarso foi questionado por Humberto Carvalho, do PCB, sobre a eficiência do projeto que prevê a troca do indexador da dívida com a União. De acordo com o governador, a forma de cálculo da dívida foi acertada há 15 anos, durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e as cláusulas estabelecidas naquela época levaram a números de fato incabíveis para os Estados.

"O projeto de renegociação será votado em novembro (no Senado), e isso é ótimo porque baixará nossa dívida em 15 bilhões de reais, o que nos dá margem para obter mais financiamento para investir", afirmou Tarso. "Não podemos dar um passo maior do que a perna. Se deixarmos de pagar a dívida, o Estado para."

Choque de gestão

No segundo bloco, Tarso e Ana Amélia protagonizaram a discussão mais acalorada do debate. O governador perguntou o que o choque de gestão que a senadora pretende fazer no Estado significaria para o desenvolvimento gaúcho. "O senhor está usando a mesma tática do PT de colocar na boca das pessoas coisas que elas não disseram. Eu nunca falei de choque de gestão", rebateu a senadora.

Ana Amélia explicou que, se eleita, o que pretende é usar os recursos do Estado com mais responsabilidade e eficiência. "O senhor está fazendo desenvolvimento com cheque especial", disse. "Está deixando juros para as próximas gerações."

Em alusão ao PSDB, aliado do PP na disputa pelo governo gaúcho, Tarso disse que Ana Amélia representa o projeto que pretende diminuir o Estado, com redução de investimentos, arrocho salarial e retrocesso em conquistas sociais. "A senhora representa o governo anterior, eu represento o governo do presidente Lula", disse.

O deputado federal Vieira da Cunha, candidato ao Palácio Piratini pelo PDT, adotou discurso similar ao de Ana Amélia ao dizer que é preciso racionalizar a máquina pública para alcançar o equilíbrio, e sugeriu o corte de cargos de confiança.

Tarso, por sua vez, disse que a redução de CCs é uma falácia. "(Os CCs correspondem a 0,5% da folha de pagamento do Estado e cumprem tarefa importante", argumentou. Em seguida, voltou a defender o projeto de renegociação da dívida, que foi aprovado na Câmara e está à espera de votação no Senado, prevista para novembro. "Em novembro se abre um novo espaço fiscal para que a gente possa tomar mais empréstimo. É errado pensar que o Estado vai deixar de tomar empréstimo e continuar crescendo", disse.

O terceiro e último bloco teve outro confronto direto entre os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos no RS. Ana Amélia questionou Tarso sobre o repasse obrigatório de 12% da dívida líquida do Estado à saúde. "O governo (estadual) insiste que cumpre, mas o Conselho Estadual de Saúde mostrou que o porcentual não é cumprido", disse. O petista negou a informação e disse que existe apenas uma divergência sobre se alguns recursos podem ou não ser computados. Segundo ele, no governo anterior, o porcentual alcançado não passava de 7%.

Alianças

Em outro momento, Tarso lembrou que o PP de Ana Amélia, o PDT de Vieira da Cunha e também o PDMB - seus adversários e opositores na disputa estadual - são aliados do PT no âmbito nacional. "São nossos parceiros no governo federal. Muitos problemas que existem vocês têm que ajudar (a resolver)", disse aos candidatos.

Em quase três horas de debate, os participantes também discutiram sobre temas como segurança pública, reforma política, cultura e educação. O evento teve a presença dos oito aspirantes ao cargo de governador - Tarso Genro (PT), Ana Amélia Lemos (PP), José Ivo Sartori (PMDB), Vieira da Cunha (PDT), João Carlos Rodrigues (PMN), Roberto Robaina (PSOL) Estivalete (PRTB) e Humberto Carvalho (PCB).

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