PSTU: Gasta-se menos no Bolsa Família do que nos bancos
Ele admitiu que o PT ampliou significantemente o Bolsa Família e que o programa ajudou realmente as pessoas. "Mas o que essas famílias precisam de fato é emprego, salário e moradia dignos. Porque o PT faz uma propaganda que a prioridade é o pobre, mulher, negro, mas vamos às coisas concretas: gasta-se menos no Bolsa Família do que nos bancos", disse. "Como o próprio ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse no final do seu segundo mandato como presidente: nenhum empresário ou banqueiro do País poderia reclamar dele porque 'nunca antes na história desse País', eles ganharam tanto dinheiro. E é verdade. Só que não foi para isso que construímos o PT", declarou. Procurado, o PT não se manifestou o início da noite desta sexta.
Zé Maria quer se apresentar como "uma outra alternativa" à polarização de PT e PSDB. "PSDB já governou o País e foi uma tragédia para os trabalhadores. O Eduardo Campos (PSB) já foi (do governo do) do PT e não é outra via, é o mesmo modelo econômico. E o PT nesses 12 anos só conseguiu demonstrar o mesmo sistema de governo dos anteriores, mantendo os privilégios para aqueles que sempre foram privilegiados", disse. Entre as suas propostas, estão o atendimento das demandas das manifestações: melhor acesso à saúde, educação, reforma agrária, além de estatização de bancos privados, reestatização do setor energético e de telefonia, nacionalização de terras e combate ao racismo, machismo, homofobia e preconceito com os pobres.
"São medidas que o PSTU acredita que só vão ser aplicadas no País por um governo que seja da classe trabalhadora que rompa de fato com os grandes empresários e banqueiros, do sistema financeiro", declarou. Embora seja candidato, Zé Maria acredita que o sistema eleitoral seja suficiente para realizar esses projetos. "As eleições no Brasil são completamente controladas pelo poder econômico, padece de falta de democracia absurda. Tem que botar o povo na rua, tem que aumentar o número de greve, tem que radicalizar o povo. Sem o povo mobilizado, não vamos ter condições de mudar o que está aí", declarou.
A campanha dele prevê gastos de R$ 200 mil enquanto as dos principais candidatos são de milhões e o partido terá cerca de 40 segundos na TV enquanto as outras principais legendas terão a partir de dois minutos. "Não aceitaremos financiamento de empresas. Nossa campanha se dará pela ajuda da nossa militância, dos movimentos sociais e trabalhadores, de uso intensivo da internet e do tempo da TV", disse. Questionado sobre quem o PSTU apoiaria se o pleito nacional fosse decidido em segundo turno sem a sua participação, Zé Maria foi enfático: "Não apoiaríamos em nenhum".
Frente de Esquerda
Em Belo Horizonte, o PSTU e o PSOL se uniram e formaram a Frente de Esquerda. Perguntado sobre o motivo de não ter se criado algo parecido nacionalmente - a candidata do PSOL à presidência é Luciana Genro -, Zé Maria explicou que não houve um acordo entre os partidos.
"Em Belo Horizonte, conseguimos uma base de apoio ao projeto, ao programa, que fortalece as nossas ideias. E nacionalmente não houve acordo", disse. Segundo ele, o PSTU tem o objetivo de ganhar as pessoas para lutar por transformações profundas nessas eleições e o PSOL não concordou. "Eles nos disseram que não poderiam defender propostas tão radicais, porque isso dificultaria a conquista de votos. E aí disse a eles: olha, eu fui fundador do PT em 1980 e no começo o debate era esse: Lula foi candidato a governador de SP em 1982, teve 10% dos votos. Nós achamos bom e ele, uma desgraça. Porque ele tirou a conclusão que se não fizesse uma aliança com o empresariado, para ter financiamento e apoio na mídia, não teria como ele chegar à Presidência da República", contou. "Argumentei para o PSOL que esse movimento eu já vi, sei como começa e como acaba. Não vamos repetir isso. Queremos voto, mas com um conteúdo, aquele que defendemos", completou.
Denúncias
Zé Maria comentou que toda eleição é "um festival de baixaria" e às vezes há razão de se fazer denúncias contra os candidatos. "Está certa essa denúncia contra o Aécio, porque esse choque de gestão que ele diz ter feito em Minas Gerais só foi a maneira de dizer a mesma coisa que o Geraldo Alckmin (PSDB) faz em São Paulo ou que o PT faz em nível nacional. E essa promiscuidade se aproveitar de recursos públicos para o privado começa já na campanha eleitoral", declarou, citando o financiamento das empreiteiras nas campanhas e depois denúncias posteriores de superfaturamento de obras.
"Tudo isso é uma bandalheira. E todos eles fazem isso, porque é uma prática comum nesse País. Para acabar com essa corrupção deveria colocar os corruptos na cadeia e confiscar os bens dos corruptores também. Mas isso nunca se fez", ressaltou. Sua agenda de hoje foi a primeira em Belo Horizonte desde o início da campanha. Zé Maria informou que virá novamente a Minas Gerais na semana que vem, para um evento na cidade de Mariana, mas que retornará a Belo Horizonte mais vezes até o dia da votação.
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