Fórum critica ataques à liberdade de imprensa
O diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, avaliou que há uma tentativa "agressiva" de distorcer conceitos jornalÃsticos e jogar a sociedade contra repórteres e empresas de comunicação. "A tentativa de tachar a imprensa de partido da oposição é no mÃnimo perigosa para a democracia", afirmou. "O grande perigo que o jornalismo enfrenta é essa percepção distorcida da profissão que infelizmente alguns lÃderes importantes estão fomentando."
Nas últimas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins (Comunicação Social) focaram seus discursos contra veÃculos de comunicação. Documento elaborado por Falcão sobre a campanha eleitoral classificou a imprensa como "mÃdia monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposição".
Ricardo Gandour avaliou que a estratégia dos "lÃderes influentes" desconsidera uma atividade profissional que tem por caracterÃstica mostrar o que está oculto e incomodar quem está no poder. "Não existe jornalismo que não incomoda", ressaltou. "Agora, jogar o incômodo natural que o jornalismo provoca, transladado para o conceito de oposição, acoplado à palavra Â?partidoÂ?, é uma injustiça contra a imprensa", completou. "Todos nós precisamos de uma imprensa livre."
No evento organizado pela Revista Imprensa, no auditório do Museu da Imprensa Oficial, Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S.Paulo, disse que a investida de Lula contra a imprensa se agrava pela força da "figura" polÃtica do ex-presidente. Ela observou que a relação entre jornalistas e o PT era muito próxima quando o partido estava na oposição no âmbito federal. "Ã? muito grave quando um lÃder com a influência e a visibilidade do ex-presidente Lula mantenha o mantra de que a imprensa persegue o bem", afirmou. "A imprensa é um fator importante para a democracia de qualquer parte do mundo", completou. "O PT e o Lula incitam manifestações contra nós. O ex-presidente está fazendo um grande mal à democracia."
Em tom de desabafo, Denise Rothenburg, colunista do jornal Correio Braziliense que acompanha o cotidiano polÃtico de BrasÃlia, reclamou do clima gerado contra a imprensa. "Ninguém aguenta mais a acusação de que fazer uma matéria crÃtica é um golpe", disse. "O que falta é equilÃbrio." A jornalista Cristina Serra, da TV Globo, disse que a sociedade brasileira vive um clima de litigância e os jornalistas enfrentam pressões da polÃtica e do Judiciário. Cristina disse ainda acreditar "no papel de mediação do jornalista".
Ricardo Gandour observou que o jornalismo brasileiro fiscaliza os poderes municipal, estadual e federal. Ele afirmou que é natural que o governo central seja mais exposto à fiscalização. "A história está aà mostrando que todos os atores polÃticos são sujeitos e pacientes da imprensa, que amadure e melhora com a liberdade de informação", disse.
O jornalista destacou que a "cuidadosa" estratégia dos polÃticos de atacar a imprensa aproveita o desconhecimento das novas gerações e dos novos públicos das redes sociais em relação aos gêneros jornalÃsticos. Ele observou que antes se diferenciava mais um texto editorial, opinativo e informativo. "Eles distorcem conceitos essenciais da imprensa num momento em que a gente pode estar correndo o risco de deseducação midiática na alternância de gerações", afirmou. "Há um reducionismo e uma simplificação que ajuda a jogar a opinião pública e a sociedade contra a imprensa."
Avaliou ainda que os veÃculos de comunicação já passaram, nos últimos tempos, por riscos provocados pela mudança de plataforma, como a fragmentação da publicidade e a transição do impresso para novas mÃdias. Resta, na análise de Gandour, o "perigo" das investidas dos polÃticos contra o trabalho dos repórteres e empresas de comunicação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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