Réu do caso Alstom é apontado como lobista desde 1980
Avelino Taveiros foi arrolado como testemunha no processo do caso Alstom porque em 10 de julho de 2008 prestou depoimento aos promotores de Justiça, Silvio Antonio Marques e Alexandre Petry Helena, do Ministério Público de São Paulo.
A testemunha relatou a atuação de Cláudio Mendes. "Naquela época (1980 a 1990) era uma prática Â?quase normalÂ? o pagamento de comissão pelos empresários". Ele esclareceu que "teve dezenas de conversas com Cláudio Mendes, especialmente no edifÃcio onde moravam (no Itaim, bairro da Capital)".
Mendes é um dos 11 réus do processo sobre o suposto esquema de pagamento de propinas da multinacional francesa no setor de energia do Estado, entre 1998 e 2002. A Procuradoria atribui a ele crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Segundo a ação, em curso na Justiça Federal, Cláudio Mendes teria sido destinatário de 7% a tÃtulo de "comissão" por ter agido como intermediário do governo de São Paulo com a Alstom, contratada para execução do polêmico projeto Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), no valor atualizado de R$ 183 milhões. A suspeita sobre o lobista surgiu a partir da citação à s iniciais CM em um documento francês que narra a distribuição de propinas no caso Alstom. No mesmo documento surgiram as iniciais RM.
Os investigadores concluÃram que CM é Cláudio Mendes e RM é Robson Marinho - conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), suspeito de ter recebido US$ 1,1 milhão.
Segundo a testemunha, Mendes "era um dos coordenadores que faziam a ligação entre o Governo do Estado de São Paulo e os empresários do setor elétrico". "Cláudio Mendes era um dos coordenadores do Governo Quércia e continuou a exercer a mesma função durante o Governo Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994)", declarou Avelino Taveiros.
Naquela época, disse a testemunha do caso Alstom, "ficou sabendo que a comissão (propina) paga pelos empresários variava entre 10% e 30% do valor das obras contratadas pelo Estado de São Paulo".
Ainda segundo Taveiros, Cláudio Mendes admitiu a ele que "não entendia muito do setor elétrico". O lobista teria pedido sua ajuda para �conversar com empresários do setor�. Mendes, por seu lado, conversaria com interlocutores do governo paulista. A testemunha afirma que rejeitou a proposta.Um mês antes de Avelino Taveiros fazer seu depoimento ao Ministério Público, o próprio Cláudio Mendes foi ouvido.
Formado em Ciências Sociais pela USP e sócio da Ockham Holding e Participações Ltda - empresa que faz projetos de infraestrutura de portos, reflorestamento, mineração e geração de energia elétrica -, Mendes disse que nunca trabalhou como lobista.
Ele disse que "não conhece o conselheiro Robson Marinho" e autorizou, na ocasião, a quebra do seu sigilo bancário e fiscal. Assegurou que "nunca intermediou contatos entre representantes de empresas privadas e funcionários públicos de São Paulo ou da União".
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