Metrofor teve participação de empresas investigadas por cartel. Custo da obra triplicou
A construção da Linha Sul do Metrô de Fortaleza - inaugurada em julho pela presidente Dilma Rousseff (PT) e pelo governador Cid Gomes (PSB) – teve a participação de empresas investigadas por formação de cartel em São Paulo e Distrito Federal. A obra, que tem recursos federais, triplicou de preço e teve superfaturamento apontado. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
[SAIBAMAIS 1]O consórcio para a execução do projeto no Ceará foi formado pelas empresas Siemens, Alstom, Bombardier e Balfour Beatty. O projeto foi iniciado em 1997 e a construção em 1999. Porém, só este ano a obra foi entregue, ainda assim com as últimas estações em obras.
O contrato com as empresas foi assinado em 1998 com custo estimado em cerca de R$ 500 milhões (em valores atualizados). Ao ser entregue, o projeto já havia consumido mais de R$ 1,5 bilhão em recursos públicos.
Mais de 80% dos recursos são oriundos do Governo Federal. Mas a concorrência – que teve dois consórcios na disputa – e obra ficaram sob responsabilidade do Metrofor, estatal do Governo do Estado.
A construção começou no governo de Tasso Jereissati (PSDB) e passou pelos governos de Lúcio Alcântara (então no PSDB) e do atual governador Cid Gomes. A obra e o fornecimento dos equipamentos tiveram várias irregularidades apontados por órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF-CE).
Em 2006, por exemplo, o TCU apontou que a construção estava superfatura em cerca de R$ 120 milhões em valores atuais. De acordo com o TCU, o superfaturamento era oriundo de preços superfaturados em alguns itens da obra. O órgão verificou também um acréscimo de 138% no valor original da obra. Em 2012, o TCU enviou ofício ao Congresso informando irregularidades na obra.
Resposta
De acordo com a Folha, o Metrofor afirma que a obra não teve aditivos acima do que a lei determina e que o superfaturamento está sendo cobrado do consórcio que "apresentou Seguro Garantia até a conclusão" do processo.
Sobre os trens, a companhia afirmou que comprou por cerca de 20% menos do que pagaria à Alstom que, na época, não forneceu o material alegando que ficou sem receber o combinado. Ainda segundo o Metrofor, "o assunto já está sendo tratado no âmbito judicial para acerto de saldos que por ventura existam em favor de qualquer uma das partes".