Jornalista cearense relata protesto que acompanhou em São Paulo
A jornalista Juliana Diógenes, residente em São Paulo, acompanhou o protesto que reuniu cerca de 65 mil pessoas nas ruas da cidade na última segunda-feira, 17. Confira abaixo o relato:
"Na última segunda-feira, fui uma das 65 mil pessoas que tomaram as principais avenidas de São Paulo para protestar por serviços públicos de qualidade – sim, serviços, porque a luta não é só por R$ 0,20. Saí de casa às 18h30min e, quase dez quilômetros de caminhada depois, voltei para casa somente à meia-noite com a coluna dolorida, a voz rouca, os pés dormentes e os sapatos esfolados. Por dentro, o coração batia acelerado: eu sabia que havia feito alguma diferença junto daquele mundo de gente nas ruas ontem.
Dentro da bolsa, fui munida. Levei cartaz, óculos de segurança, água e lenço. Uma amiga carregou vinagre. Fomos preparadas para o pior. Todo o meu kit de proteção contra qualquer eventual conflito entre manifestantes e polícia, porém, não precisou sequer ser retirado da bolsa.
O movimento foi pacífico. Na avenida Brigadeiro Faria Lima, uma via de imponentes edifícios empresariais, o povo gritava em uníssono: “Que coincidência! Não tem polícia, não tem violência”. Fato. No trajeto de 10 quilômetros que percorri em três horas não vi um só policial militar. Não vi violência. As ruas estavam tomadas de jovens, velhos, famílias, grávidas e crianças. As ruas eram do povo porque “o povo acordou”, berrava a multidão com a garganta há anos entalada com a corrupção, o sistema de saúde precário, as escolas sucateadas e o transporte público ineficiente.
O que vi nas ruas de São Paulo na segunda-feira foram pessoas cantando, aplaudindo-se, pulando e vibrando. E o mais importante: juntas. Ouvi gritos e gargalhadas por todo lado. Vi jovens se esforçando para limparem as vidraças pichadas de um banco sob uma chuva de aplausos da multidão que não tinha começo, nem fim; não podia ser resumida pela cor, pelo sexo ou pela idade – como é para ser.
Vi pessoas com flores nos cabelos e entre os dedos. Vi moradores dos prédios com lençóis brancos em apoio aos manifestantes. Da rua, nós os convidávamos a descer: “Vem, vem, vem para a rua, vem, contra o aumento!” E vi também muitos manifestantes aplaudirem os manifestantes de Brasília, no momento em que ocuparam o Planalto, bem como os 100 mil que marchavam no Rio de Janeiro.
Feito eu, que estive na manifestação, guarde esta data na memória: 17 de junho de 2013. Ela estará nos livros de história. No último dia 17, nós fomos cerca de 220 mil no em todo o País. Mas podemos – e devemos - ser mais. Porque eu e você somos muitos, nós somos o Brasil, uma nação de 200 milhões “com muito orgulho, com muito amor”. O Gigante acordou. Vem para a rua!"
"Na última segunda-feira, fui uma das 65 mil pessoas que tomaram as principais avenidas de São Paulo para protestar por serviços públicos de qualidade – sim, serviços, porque a luta não é só por R$ 0,20. Saí de casa às 18h30min e, quase dez quilômetros de caminhada depois, voltei para casa somente à meia-noite com a coluna dolorida, a voz rouca, os pés dormentes e os sapatos esfolados. Por dentro, o coração batia acelerado: eu sabia que havia feito alguma diferença junto daquele mundo de gente nas ruas ontem.
Dentro da bolsa, fui munida. Levei cartaz, óculos de segurança, água e lenço. Uma amiga carregou vinagre. Fomos preparadas para o pior. Todo o meu kit de proteção contra qualquer eventual conflito entre manifestantes e polícia, porém, não precisou sequer ser retirado da bolsa.
O movimento foi pacífico. Na avenida Brigadeiro Faria Lima, uma via de imponentes edifícios empresariais, o povo gritava em uníssono: “Que coincidência! Não tem polícia, não tem violência”. Fato. No trajeto de 10 quilômetros que percorri em três horas não vi um só policial militar. Não vi violência. As ruas estavam tomadas de jovens, velhos, famílias, grávidas e crianças. As ruas eram do povo porque “o povo acordou”, berrava a multidão com a garganta há anos entalada com a corrupção, o sistema de saúde precário, as escolas sucateadas e o transporte público ineficiente.
O que vi nas ruas de São Paulo na segunda-feira foram pessoas cantando, aplaudindo-se, pulando e vibrando. E o mais importante: juntas. Ouvi gritos e gargalhadas por todo lado. Vi jovens se esforçando para limparem as vidraças pichadas de um banco sob uma chuva de aplausos da multidão que não tinha começo, nem fim; não podia ser resumida pela cor, pelo sexo ou pela idade – como é para ser.
Vi pessoas com flores nos cabelos e entre os dedos. Vi moradores dos prédios com lençóis brancos em apoio aos manifestantes. Da rua, nós os convidávamos a descer: “Vem, vem, vem para a rua, vem, contra o aumento!” E vi também muitos manifestantes aplaudirem os manifestantes de Brasília, no momento em que ocuparam o Planalto, bem como os 100 mil que marchavam no Rio de Janeiro.
Feito eu, que estive na manifestação, guarde esta data na memória: 17 de junho de 2013. Ela estará nos livros de história. No último dia 17, nós fomos cerca de 220 mil no em todo o País. Mas podemos – e devemos - ser mais. Porque eu e você somos muitos, nós somos o Brasil, uma nação de 200 milhões “com muito orgulho, com muito amor”. O Gigante acordou. Vem para a rua!"