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Inflação afetou avaliação da gestão Dilma, diz professor

13:59 | 19/06/2013
A queda de 63% para 55% da proporção de brasileiros que consideram ótima ou boa a gestão da presidente Dilma Rousseff pode ser explicada principalmente pelas dificuldades econômicas que o governo vem enfrentando, como a evolução da inflação, e os entraves no diálogo do Planalto com o Congresso, vistos, por exemplo, na recente votação da Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos, avaliou o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antônio Carvalho Teixeira, ao comentar os dados da pesquisa CNI/Ibope divulgados nesta quarta-feira, 19.

"A inflação tirou o poder de compra das famílias, sobretudo das famílias de classe média para baixo, que formam o grande contingente eleitoral que tem, de certa forma, possibilitado vitórias políticas ao PT", afirmou ele. "Se no passado esse poder de compra era a virtude, ele passa, à medida que vai se deteriorando, a ser o problema."

A pesquisa da CNI/Ibope foi realizada entre os dias 8 e 11 deste mês, com 2.002 pessoas, em 143 municípios, antes, portanto, de a onda de protestos tomarem conta do País, o que só ocorreu a partir do dia 13, quando houve confronto entre manifestantes e policiais na capital paulista.

Questionado sobre se a tendência é de queda ainda mais expressiva da popularidade da presidente Dilma nos próximas levantamentos, Teixeira contemporizou a questão. "Há dados positivos da indústria, que voltou a crescer e um PIB (Produto Interno Bruto) um pouco melhor este ano. Mas o governo permanece com pautas negativas diante da opinião pública." Segundo ele, o governo precisa melhorar a economia e o diálogo com a base aliada. O cientista político disse ainda que "o governo não vai vencer a disputa eleitoral em 2014 por WO (sem adversários), como se imaginava".

Teixeira ainda não vê qual ou quais políticos podem se beneficiar das manifestações, uma vez que os protestos são "contra tudo e contra todos". "Não é apenas o governo federal. É uma insatisfação nos três níveis: federal, estadual e municipal." Questionado sobre se a possível candidata Marina Silva, que ainda luta para criar seu partido, o Rede Sustentabilidade, não conseguiria angariar o voto dos manifestantes, o professor da FGV afirmou que ela já tem um público cativo, mas que a opção religiosa dela, por exemplo, pode colocá-la em um "mar difícil de navegar". Marina é evangélica.

Padilha

A pesquisa CNI/Ibope mostrou que 66% dos entrevistados desaprovam as medidas do governo federal na área da Saúde. O ministro da pasta, Alexandre Padilha, é cotado para concorrer pelo PT ao governo do Estado de São Paulo em 2014. Para Teixeira, o resultado é "preocupante". "Padilha precisa primeiro se credenciar dentro do partido. Se a pasta dele é condenada do ponto de vista eleitoral, já começa difícil."

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