'Padrinho' de Ustra saberia destino de 'desaparecidos'
A identidade de Artone foi revelado ao jornal O Estado de S. Paulo por agentes que trabalharam no DOI. O Ministério Público Federal apura seu suposto papel nas mortes, em 1973, do guerrilheiro Antônio Carlos Bicalho Lana e de sua companheira Sônia Maria Moraes Angel Jones e no desaparecimento em 1974 do casal Wilson Silva e Ana Kucinski - os quatro militavam na Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo fundado pelo ex-deputado Carlos Marighella.
Artone era amigo do ex-sargento do Exército Marival Chaves, uma das principais testemunhas ouvidas pelos procuradores e pela Comissão Nacional da Verdade, sobre abusos no regime militar. Artone rompeu com o amigo depois de Chaves ter revelado o sequestro e morte de quase duas dezenas de integrantes do PCB e da ALN.
A importância de Artone se deve ao fato de ele ser um dos últimos sobreviventes do núcleo duro do DOI. Em 2011, por exemplo, morreu o sargento João de Sá Cavalcante Neto, o agente Fábio, outro importante homem das operações sigilosas do DOI. Além dos sargentos, três oficiais conheceriam esses segredos: Ustra e os já falecidos capitães Ênio, o Doutor Ney, e André Leite Pereira Filho, o Doutor Edgar.
Ustra será ouvido nesta sexta-feira, 10, pela Comissão Nacional da Verdade. Ele teria conhecimento das atividades da Seção de Investigação. Responsável pela prisão de pessoas marcadas para morrer, a seção também controlava os informantes - militantes que passaram a trabalhar para o DOI. Artone e Sá mantinham contatos com os informantes. Artone não dá entrevistas sobre o passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.