Marco Aurélio: Minha função não é punir 'exemplarmente'
Questionado por jornalistas se acredita que sua tese será vencida, o ministro respondeu: "Não acho, pois é um contexto que reclama punição exemplar. Só que a minha função, pelo menos eu a concebo assim, não é punir exemplarmente. É punir segundo o arcabouço normativo na interpretação que eu dou ao arcabouço normativo".
Antes do intervalo, o ministro votou pela unificação das punições por todos os crimes julgados na Corte, exceto a de formação de quadrilha. Pela proposta dele, Marcos Valério, por exemplo, teria a pena reduzida de 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão para 10 anos e 10 meses. Seria uma pena idêntica à aplicada ao mentor do esquema, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
O ministro afirmou que, quando vota, não busca apoio. "Eu estou muito acostumado a ficar vencido no colegiado e nunca me aborreci por isso, sempre saio do colegiado sorrindo, com o espírito leve", disse. Marco Aurélio ressaltou que a "virtude" do seu voto é nivelar as penas. "O meu voto tem uma virtude, nivela, afastando essa discrepância de ter-se o autor intelectual condenado a 11 anos e o instrumento, condenado a 40", criticou, referindo-se, respectivamente, a Dirceu e Valério.