Julgamento do mensalão criou novo paradigma, diz Hage
Segundo ele, o Brasil mantém uma quantidade e uma variedade de possibilidade de recursos que não existe em nenhum sistema judicial do mundo, que favorecem a impunidade. "Nós temos recursos copiados de Portugal que vem da Idade Média e que até lá, em Portugal, já foram extintos, mas continuam existindo aqui", disse o ministro."Quando conversamos com pessoas de outros paÃses eles não acreditam nas possibilidades de eternização de um processo no Brasil", afirmou Hage, que organiza, em BrasÃlia, a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, aberta nesta quarta-feira pela presidente Dilma Rousseff.
Hage ressaltou, no entanto, que o julgamento do mensalão tem sido visto internacionalmente como uma demonstração de independência do Poder Judiciário brasileiro. "Em que medida isso vai se espalhar por todo o Judiciário? Nós temos de esperar para ver. Se isso acontecer será uma enorme ajuda para o combate à corrupção".
Imprensa livre
O ministro se posicionou contra a proposta do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos réus do mensalão, de criar leis para o controle público da mÃdia. "Não tem por que fazer comentário a respeito de tais declarações, mas posso dar minha opinião sobre a participação fundamental da imprensa no combate à corrupção", disse o ministro. "Entendo que a mÃdia é um ator tão fundamental quanto os órgãos públicos de controle de investigação e persecução criminal", enfatizou.
Quanto à outra declaração de Dirceu de que ele teve um julgamento polÃtico feito por um tribunal de exceção e que por isso pode recorrer a cortes internacionais, Hage esquivou-se. "É melhor nem comentar". Segundo o ministro não há como combater a corrupção em nenhum lugar do mundo sem a imprensa livre.