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Reação de Aécio a Lula radicaliza disputa em BH

10:38 | 03/09/2012
O comício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na sexta-feira e a reação do ex-governador e senador Aécio Neves (PSDB) no dia seguinte expuseram o clima de radicalização que toma conta da "nacionalizada" eleição municipal de Belo Horizonte, capital mineira, protagonizada pelos candidatos Patrus Ananias (PT) e Marcio Lacerda (PSB).

Um panfleto de Patrus, ex-prefeito e ministro do Desenvolvimento Social do governo Lula, vai direto ao ponto: "Para Marcio Lacerda, Bolsa-Família é esmola. Que vergonha!" Traz uma foto do atual prefeito, do PSB, que concorre à reeleição, e um balão dizendo "esmola, ajudazinha em dinheiro". Ao lado, Patrus promete: "Nosso compromisso é acabar com a miséria."

Já Lacerda ataca a gestão de Patrus na prefeitura (1993-1996). Diz que o adversário deixou rombo de R$ 200 milhões, em valores atuais. "Se houvesse Lei de Responsabilidade Fiscal, ele seria penalizado fortemente."

Lançado candidato na última hora, depois do rompimento do PT e com a aliança do PSB e PSDB que elegeu Lacerda em 2008, Patrus apresenta os ex-aliados como inimigos das políticas públicas dos governos Lula e Dilma Rousseff, em especial o Bolsa-Família, que coordenou durante mais de seis anos.

Lacerda já chamou Patrus de "missionário", o petista respondeu que o adversário é "tecnocrata". Ambos têm o mesmo discurso, no entanto, quando comentam a sucessão de ataques: dizem que a provocação parte do lado oposto. Em outro discurso comum, Patrus e Lacerda insistem que as questões nacionais não estão na preocupação do eleitor.

Dilma empenhou-se pessoalmente na formação da chapa de Patrus com o PMDB, o PC do B e o PRTB. Lula também faz sua parte. Até agora, a única cidade onde fez comício foi Belo Horizonte. A eleição de Patrus seria uma vitória dupla para o ex-presidente, sobre Aécio e sobre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, que comprou briga com o PT ao lançar candidatura própria no Recife.

Com 16 pontos à frente de Patrus (46% a 30%, diz o Datafolha), Lacerda tem aliança de 19 partidos - 16 deles da base de Dilma. Os programas de TV tendem a intensificar a divulgação das realizações do prefeito. Mesmo nos casos de empate técnico, Lacerda está na frente do adversário em todas as faixas de idade, renda e escolaridade. A menor diferença, de apenas um ponto porcentual, é nos eleitores com curso superior (Lacerda tem 40% e Patrus, 39%). O prefeito perdeu pontos entre os eleitores jovens, mas cresceu nos de menor renda e menos estudo.

Os petistas apostam em duas frentes: o apoio da dupla Lula e Dilma e a história de Patrus, sempre muito ligada à cidade, com mandatos de vereador, prefeito e deputado federal, além da atuação no ministério. Ao longo desta semana, o trabalho da militância será "reverberar" o comício de Lula na sexta-feira em cada uma das nove regiões.

No palanque, o ex-presidente atacou duramente a aliança PSDB-PSB que, segundo Lula, quer "destruir o PT". Também lembrou que Lacerda não estaria na prefeitura se não fosse a ajuda dos petistas em 2008 e insistiu que as obras na cidade e no Estado acontecem em grande parte graças a investimentos federais. Aécio respondeu citando o julgamento do mensalão e dizendo que o PT "usa recursos públicos como se fossem seus". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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