O Vida & Arte Cultura de domingo (30/9) destaca as propostas de cada um dos dez candidatos à prefeito de Fortaleza na área da cultura. Eles responderam a um questionário elaborado a partir do depoimento de cinco artistas e produtores que atuam na cidade: Silvia Moura, do Fórum de Dança; Silas de Paula, do Instituto de Fotografia (Ifoto); Kelsen Barros, do Fórum de Literatura; Thiago Barros, do coletivo “Todo teatro é político”; e Duarte Dias, da Associação Cearense de Cinema e Vídeo. Veja abaixo as respostas dos candidatos na íntegra.

INÁCIO ARRUDA/PCdoB
O POVO - Que programas, equipamentos e ações culturais promovidos na gestão de Luizianne o senhor pretende continuar na sua gestão?

Inácio Arruda - Não basta ter uma Secretaria de Cultura. É preciso fortalecê-la e promover sua ação articulada com outras pastas, principalmente a de Educação, para poder chegar mais longe, aumentar a abrangência das iniciativas. Vamos ampliar a atuação do Município no fomento à produção de nossos artistas nas diversas linguagens, garantindo a sua valorização. Vamos estender as ações municipais em cultura a toda a cidade, aproveitando as escolas,os demais equipamentos da Prefeitura e os Pontos de Cultura. Desenvolveremos uma política de descentralização da gestão cultural, com Pólos Criativos da Cultura nos bairros e Distritos de Cultura em cada Regional.

OP - Como o senhor pretende formar os quadros de funcionários na área da cultura? Acha essencial ter técnicos especializados ou pode mesclá-los com nomes de aliança política?

Inácio - Fortaleza conta com inúmeros protagonistas na cultura, entre artistas, produtores e profissionais com experiência em gestão cultural. Pessoas de compromisso com a cidade e a coletividade, que constroem a cultura de Fortaleza no dia a dia, batalhando há muitos anos por melhores condições de formação, mais espaços e oportunidades para a produção e a exibição de seus trabalhos, mais canais de visibilidade para chegarem ao público. Nomes de grande talento, que anseiam por uma cidade com real acesso popular à cultura, com programação artística e bens culturais ao alcance de todos, com valorização e reconhecimento de seus artistas, por parte de nosso povo, como modo de reafirmação de nossa identidade e de abertura a novas criações. Em nossa gestão serão pessoas com esse perfil que ajudarão a implantar as políticas municipais para a cultura, pelas contribuições inestimáveis que têm a oferecer à cidade.

OP - O senhor assume o compromisso de repassar integralmente o percentual garantido por lei para o Fundo Municipal de Cultura?

Inácio - Assumo esse compromisso, bem como o de buscar, além do percentual obrigatório para o Fundo Municipal de Cultura, mais recursos para investimento do Município no setor cultural. Assim como fiz como parlamentar, garantindo recursos para a cultura, como R$ 600 milhões no orçamento do Governo Federal para produções de audiovisual (30% desse valor para o Norte e o Nordeste), trabalharei para ampliar o orçamento municipal para a cultura. Precisamos contar com recursos suficientes para garantir uma política cultural democrática e descentralizada, presente no dia a dia, com atividades de formação e exibição cultural em todas as regiões da cidade, não apenas no eixo que já conta com mais equipamentos culturais. Pelo Plano Nacional de Cultura, os municípios devem investir pelo menos 1% de seu orçamento no setor cultural. Trabalharemos para ir além desse valor, fortalecendo a arte e a cultura em nossa cidade, com acesso de todos.

OP - Setores como educação e saúde têm bem delineados até onde vai a responsabilidade do Município. No caso da saúde, a Prefeitura deve cuidar da atenção primária, no caso da educação, fica responsável pelo Ensino Fundamental. Com a cultura é diferente, não há nada pré-determinado. O que o senhor entende como principal encargo da prefeitura nessa área?

Inácio - No governo Lula o Ministério da Cultura, com nosso apoio no Congresso Nacional, conquistouimportantes vitórias quanto à estruturação do Poder Público para cumprir a obrigação constitucional de assegurar o acesso à arte e à cultura. Assim surgiu o Sistema Nacional de Cultura, que prevê o compartilhamento dessa missão pela União, pelos estados e pelos municípios. Em nossa administração, a Prefeitura cumprirá de forma ativa seu papel para a garantia do exercício dos direitos culturais pelo povo de Fortaleza. O Município levará em conta as ações dos governos estadual e federal, mas terá atuação própria nos diferentes encargos que essa missão compreende, de forma articulada com a classe artística e com a população em geral, tanto na formação, quanto na produção e na exibição cultural, trabalhando a cultura como vetor para o próprio exercício do direito à cidade e para o reforço de nossa autoestima e nossa identidade.

OP - O senhor pretende continuar a política de editais? Que áreas e linguagens devem ser priorizadas? Uma reclamação frequente é a demora no repasse das verbas, de que maneira o senhor imagina agilizar isso?

Inácio - Manteremos os editais de incentivo às artes, reforçando sua característica democrática, de permitir uma seleção pública para o apoio a projetos culturais, com transparência. Mas é preciso ampliar o valor investido, possibilitandoa realização de projetos de maior abrangência, o aumento do número de projetos aprovados e a inclusão de mais linguagens. Vamos garantir que os editais passem a ter regularidade tanto no seu lançamento quanto no seu pagamento, para que os artistas e produtores possam se planejar, não mais enfrentando incertezas e demora na realização de seus projetos. E para que os resultados dessas ações cheguem mais rapidamente à população. Para isso, cada edital lançado terá sua fonte orçamentária e seu prazo de liberação dos recursos previamente definidos.Os editais ajudarão também a fortalecer as manifestações culturais populares, que caracterizam nossa identidade e nosso jeito de ser.

OP - O senhor pretende ceder o Teatro São José para o Governo do Estado ou ele deve permanecer com a prefeitura e virar o teatro municipal? A obra de restauro seria priorizada na sua gestão?

Inácio - Vamos restaurar o Teatro São José, abrindo suas portas para o povo, para cumprir seu papel como um importante espaço para as artes em Fortaleza. Atualmente fechado devido à falta de planejamento da administração municipal e à ausência de ações efetivas no campo do Patrimônio, o que vem resultando em grandedemora para o início das obras. O teatro permanecerá como um equipamento da Prefeitura. Integrará a rede de equipamentos culturais municipais como um espaço importante tanto para a exibição artística - com uma programação de espetáculos de diversas linguagens, promovida pela administração e também aberta aos artistas, produtores e grupos - quanto para a formação, com atuação integrada das secretariasde Cultura e Educação. Será um dos equipamentos valorizados pela Prefeitura na missão de garantir acesso popular à cultura e de agregar valores culturais ao turismo em Fortaleza.

OP - O senhor planeja juntar forças com outros espaços que já estão mais próximos da população – como os Pontos de Cultura - para ampliar o acesso à leitura, formação, etc?

Inácio - Adotaremos uma política cultural descentralizada, atuando em todos os bairros e em parceria com as escolas municipais, através do programa Mais Educação. Outros equipamentos das Prefeituras, em todas as Regionais, serão integrados à política cultural do Município, colaborando para garantir acesso popular à arte e à cultura nos bairros, onde o povo está. A Prefeitura ampliará sua própria programação cultural para esses espaços. Mas também trabalhará fortemente no estímulo aosartistas, grupos e associações já atuantes, como ensina o modelo dos Pontos de Cultura, contribuição do PCdoB ao Governo Lula.Unindo as ações e os investimentos do Município à articulação com os Pontos de Cultura e ao apoio às atividades realizadas pela população nas diferentes regiões, respeitando suas características e vocações, teremos uma cidade com real acesso popular à cultura e à arte, em todos os bairros.

Confira a entrevista de todos os candidatos.