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Francisco Gonzaga: candidato apresenta propostas para área de Cultura

06:00 | 30/09/2012

O Vida & Arte Cultura de domingo (30/9) destaca as propostas de cada um dos dez candidatos à prefeito de Fortaleza na área da cultura. Eles responderam a um questionário elaborado a partir do depoimento de cinco artistas e produtores que atuam na cidade: Silvia Moura, do Fórum de Dança; Silas de Paula, do Instituto de Fotografia (Ifoto); Kelsen Barros, do Fórum de Literatura; Thiago Barros, do coletivo “Todo teatro é político”; e Duarte Dias, da Associação Cearense de Cinema e Vídeo. Veja abaixo as respostas dos candidatos na íntegra.

FRANCISCO GONZAGA/PSTU
O POVO - Que programas, equipamentos e ações culturais promovidos na gestão de Luizianne o senhor pretende continuar na sua gestão?

Gonzaga - Nós do PSTU não somos da opinião de que se deva jogar a água suja da banheira com a criança dentro. Queremos dizer: não repetiremos as estratégias culturais da gestão atual, mas partiremos do que existe para avançar qualitativamente. A municipalidade – em sua faceta atual – privilegia a realização de grandes eventos em certas datas, tais como aniversário da cidade, virada de ano, entre outras. A nossa estratégia cultural se apoia em outro eixo: queremos pensar a cultura como prática cotidiana e centrada nas comunidades. O que poderia ser tido como momentos altos desse processo, como são os eventos que citamos, não pode ser compreendido separadamente dessa prática cultural cotidiana. Uma cidade para os trabalhadores significa uma política cultural que chegue cotidianamente aos bairros populares, inclusive contribuindo para um verdadeiro processo de inclusão social.

OP - Como o senhor pretende formar os quadros de funcionários na área da cultura? Acha essencial ter técnicos especializados ou pode mesclá-los com nomes de aliança política?

Gonzaga - Nós pretendemos desenvolver um projeto de cultura que envolva as pessoas que trabalham com as mais diversas vertentes da produção cultural. Queremos também libertar a criação cultural e intelectual dos espaços onde, infelizmente, a produção cultural se vê presa. É preciso democratizar a cultura e a arte, e quando falamos isso, falamos também em democratização da possibilidade de produção cultural. Por isso, não queremos incentivar a criação de uma arte oficial. Um governo dos trabalhadores não pode temer a arte, e sim deve incentivar a sua emancipação e os funcionários da Secretaria de Cultura devem estar a serviço desse projeto emancipatório. Do mesmo modo, os membros do partido que comporão a secretaria estarão em sintonia com essa estratégia cuja síntese pode ser dita em uma frase: completa licença em arte!

OP - O senhor assume o compromisso de repassar integralmente o percentual garantido por lei para o Fundo Municipal de Cultura?

Gonzaga -
Certamente, sim, mas a nossa preocupação maior não é essa. O que nos preocupa é o conjunto muito escasso de recursos que é repassado pelo poder público para constituição de tal fundo. As pessoas que trabalham com as diversas manifestações artísticas e culturais sabem, diante de toda dificuldade que têm para desenvolver o seu trabalho, sabem bem do que estamos falando. Se por um lado, a ideia do próprio fundo ainda careça muito de discussão, por outro, a mercantilização da produção e circulação artística e cultural não pode ser apresentada como solução. O que o executivo municipal precisa é de mais audácia e trabalhar a cultura como uma questão importante e estritamente ligada à educação e que por isso também carece de mais recursos. Destinar 1% do orçamento para a rubrica da cultura, como faz atualmente a prefeitura, é um insulto à população da nossa capital!

OP - Setores como educação e saúde têm bem delineados até onde vai a responsabilidade do Município. No caso da saúde, a Prefeitura deve cuidar da atenção primária, no caso da educação, fica responsável pelo Ensino Fundamental. Com a cultura é diferente, não há nada pré-determinado. O que o senhor entende como principal encargo da prefeitura nessa área?

Gonzaga - Posso responder a esta pergunta como um trabalhador da construção civil que só foi ao cinema uma única vez e que tem completa clareza que esta não é uma realidade somente minha, mas da maioria da população de Fortaleza. Nas periferias, há adultos e mesmo jovens que nunca tenham ido ao cinema ou assistido a um espetáculo no teatro. Nesse sentido, entendo como principal encargo da prefeitura, garantir que a cultura e a arte possam ser acessadas sem limites pelas camadas mais profundas das nossas comunidades, em outras palavras, os bairros da periferia, como é onde eu moro e onde mora a maior parte das trabalhadoras e trabalhadores. Acreditamos que esses locais devam ser os objetos principais das ações que deverão ser promovidas pela secretaria de cultura.

OP - O senhor pretende continuar a política de editais? Que áreas e linguagens devem ser priorizadas? Uma reclamação frequente é a demora no repasse das verbas, de que maneira o senhor imagina agilizar isso?

Gonzaga -
Os editais devem permanecer, mas não com o objetivo de premiar alguns poucos e excluir a maioria dos inventivos públicos. A questão é desenvolver a seleção de projetos sem excluir outros que carecem de apoio. Como vimos, se investe muito pouco em cultura em nossa cidade, menos de 1%! Nesse sentido, acreditamos que a solução seja, inicialmente, disponibilizar mais recursos para cultura em nossa cidade. Nessa perspectiva, não priorizaremos uma linguagem em detrimento de outras e teremos uma atenção especial às manifestações culturais populares, ao mesmo tempo procurando garantir que os recursos aprovados não sofram os entraves próprios de uma máquina burocrática pouco compatível com as necessidades de artistas e da população.

OP - O senhor pretende ceder o Teatro São José para o Governo do Estado ou ele deve permanecer com a prefeitura e virar o teatro municipal? A obra de restauro seria priorizada na sua gestão?

Gonzaga -
O teatro pode permanecer sob a guarda do município. A administração atual tem dito que já começou o restauro. Independente disso, trata-se de uma questão que será tratada com a devida atenção por nossa gestão.
 
OP - O senhor planeja juntar forças com outros espaços que já estão mais próximos da população – como os Pontos de Cultura – para ampliar o acesso à leitura, formação, etc?

Gonzaga - Os pontos da cultura – desprovidos das verbas necessárias para o seu incremento – se tornam mais um objeto de publicidade dos atuais gestores do que propriamente componentes impulsores de democratização e expansão das atividades culturais. Além disso, não entendemos que os “pontos” estejam mais próximos da população. Queremos ampliar o acesso à leitura e formação e o faremos mediante uma revolução no orçamento, que será levada a cabo através dos conselhos populares. Deixaremos de girar os recursos à volta das necessidades e aspirações de alguns grupos econômicos muito poderosos e tornaremos a educação e a cultura não aspirações de poucos, mas da maioria da nossa população.

Confira a entrevista de todos os candidatos

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