Barbosa abre sessão do mensalão com réplica ao revisor
"Como muitos dos próprios réus praticaram corrupção passiva, é impossível que eles não soubessem nem mesmo desse antecedente, a não ser que acreditaram piamente que Marcos Valério e o Banco Rural havia se transformado em Papai Noel e decidido distribuir dinheiro", disse o relator.
Ele afirmou que a lavagem é um crime diferente da corrupção passiva e que os acusados realizaram as duas práticas. Disse que o fato de terem mandado terceiros realizar o saque foi apenas um fato extra, uma vez que o próprio recebimento por meio da estrutura de lavagem montada por Valério e Rural já configuraria crime.
Barbosa rebateu ainda o revisor pela absolvição integral do deputado federal Pedro Henry (PP-MT), ex-líder do PP. Ele citou depoimentos que mostrariam a participação de Henry nas negociações com o PT sobre auxílio financeiro ao PP. Observou que o papel de líder configuraria ao réu o poder de orientar a bancada em favor dos interesses do governo. "Esse papel de líder exercido por Pedro Henry foi fundamental na divisão de tarefas, que é comum em caso de quadrilha".
O relator questionou ainda a absolvição por Lewandowski de Emerson Palmieri, ex-secretário do PTB, dos crimes de corrupção passiva e lavagem. Destacou que Palmieri intermediou repasses ao partido e consta de lista feita por Valério relatando os repasses. Barbosa não quis comentar a situação de outro absolvido pelo revisor, Breno Fischberg, um dos sócios da corretora Bônus Banval, que repassou recursos ao PP. O relator disse esperar por celeridade no julgamento: "Eu mais do que ninguém quero que esse julgamento termine o mais rápido possível".
Lewandowski não fez tréplica às considerações. Na sequência, a ministra Rosa Weber daria seu voto sobre essa parte do julgamento que trata dos réus ligados ao PP, PL (atual PR), PTB e PMDB beneficiários do esquema.