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Rural foi vítima da própria transparência, diz advogado

20:20 | 07/08/2012
O ex-ministro e advogado José Carlos Dias afirmou durante o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) que o Banco Rural foi "vítima da sua própria transparência". Ele defende Kátia Rabello, ex-presidente da instituição financeira. Filha do fundador, ela ainda é acionista do Rural.

Dias afirmou que foi devido à atuação do Rural que foi possível identificar alguns dos sacadores do esquema. "O Banco Rural foi vítima da sua própria transparência. Todos esses documentos que indicam quais são os recebedores estão absolutamente presentes. A direção do banco jamais permitiria a ocultação". Disse que a identificação dos sacadores foi entregue à Justiça espontaneamente.

Ele afirmou que não se pode acusar a direção do banco de lavagem de dinheiro porque o recurso tinha origem lícita, não precisando ser "esquentado". "A denúncia descreve uma operação de esfriamento de dinheiro", disse Dias destacando ser a partir do saque que existem questionamentos sobre a aplicação dos recursos. Afirmou também que as movimentações acima de R$ 100 mil foram comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e foram seguidas as normas do Banco Central na época.

Dias negou ainda que a cliente fizesse parte de uma quadrilha. Afirmou que o interesse do Rural no liquidação extrajudicial do banco Mercantil de Pernambuco era lícito e destacou que essa ação ocorreu em março deste ano. Aproveitou para questionar a afirmação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de que o banco poderia lucrar R$ 1 bilhão com a transação dizendo que o benefício auferido em março foi de R$ 96 milhões, o que, segundo ele, seria inferior aos R$ 32 milhões emprestados à agência de Marcos Valério e ao PT em valores corrigidos.

Ele definiu Kátia como uma artista, sem vocação para a administração financeira. "Ela é uma bailarina, tinha uma escola de dança e dava aula para crianças. Essa era uma paixão da vida dela, é uma artista". Afirmou que ela só entrou na administração do Rural após a morte de uma irmã. Disse ainda que quando exercia a presidência confiava a parte operacional a José Augusto Dumont, então presidente, que faleceu em 2004.

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