No RJ, Comissão investigará antigos centros de tortura
A OAB-RJ também criou a sua Comissão da Verdade, mas com foco mais específico: o setor Judiciário. Com o termo, os resultados das investigações feitas pelo grupo da Ordem serão encaminhados à CNV. "Oficializamos aqui o compromisso de repassar à CNV tudo o que apurarmos sobre as arbitrariedades cometidas pela Justiça Militar e pelo Ministério Público Militar no período de 1964 a 1985", explicou o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous. "Não precisávamos criar um grupo para exercer o mesmo trabalho do Governo Federal. Vamos nos ater à nossa área". Pinheiro elogiou a iniciativa. "O simbolismo dessa cooperação é imenso", disse. Rosa afirmou que os depoimentos colhidos pela OAB certamente serão aproveitados no trabalho final da Comissão Nacional da Verdade.
Na segunda-feira, a OAB do Rio entregou à CNV cópias de depoimentos ouvidos por sua Comissão da Verdade. Um deles é o de César Benjamin, preso aos 17 anos, mas considerado pela Justiça Militar como tendo idade mental de 35 anos, o que justificou sua prisão e condenação como adulto. Uma audiência pública, realizada no auditório da Ordem, foi marcada por depoimentos emocionados de ex-presos políticos e de familiares de desaparecidos, que manifestaram ceticismo em relação à CNV e exigiram que suas audiências sejam públicas, não em sigilo. Integrantes da CNV, como Pinheiro e Maria Rita Kehl, reagiram em defesa de seu trabalho. Outro membro, José Carlos Dias, disse que o sigilo será necessário em algumas apurações, para não atrapalhar as investigações.