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Na Câmara, oposição torceu contra Lewandowski

20:03 | 02/08/2012
Com as medalhas do Brasil em baixa na Olimpíada de Londres, os líderes dos partidos de oposição esqueceram os Jogos Olímpicos e se concentraram nesta quinta à tarde em um auditório da Câmara para assistir pela TV Justiça ao início do julgamento do mensalão e "secar" o ministro Dias Toffoli. Para eles, Toffoli deveria se afastar do processo. Mas os oposicionistas acabaram se envolvendo, de fato, em uma torcida contra o ministro Ricardo Lewandowski, que votou a favor do desmembramento do processo, como pediu o advogado Márcio Thomaz Bastos.

O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), chegou a levantar a suspeita de que foi o ex-ministro da Justiça Thomaz Bastos que escreveu o voto lido pelo ministro Lewandoski. "Como ele já tinha um voto pronto, se a questão de ordem nem tinha sido feita?", perguntou. Ao final, por 9 votos a 2 venceu a tese contrária a Lewandowski, o que fez a oposição aplaudir muito a decisão.

O deputado Wanderley Macris (PSDB-SP) chegou a dizer que Lewandowski mostrava-se "tão cordial" com Thomaz Bastos por que devia ao ex-ministro a indicação para o Supremo. "Thomaz Bastos era ministro da Justiça quando ele foi nomeado para o STF. O padrinho do Lewandowski foi o Thomaz Bastos", gritou Macris. Nos bastidores, os comentários no Supremo são de que o criticado ministro teve como padrinhos Thomaz Bastos, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e a e ex-primeira-dama Marisa Letícia.

O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, foi muito elogiado pelos líderes de oposição. A única vez em que houve referência à Olimpíada ocorreu quando o deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) comentava a saúde de Barbosa, que tem problemas na coluna e tem de mudar de posição o tempo todo: "Esse aí é medalha de ouro, mesmo sentado e gordo". Quando Barbosa disse que o voto de Lewandowski era uma "deslealdade", o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) comentou: 'Nossa Senhora, Nossa Senhora. Esse debate está mais quente do que os nossos no plenário".

Mas os parlamentares de oposição aplaudiram os ministros que votaram contra desmembramento do processo. Primeira a votar contra o desmembramento, a ministra Rosa Weber caiu nas graças dos oposicionistas, que gritaram: "Essa é nossa". O voto de Cezar Peluso, também contrário ao de Lewandowski, arrancou gargalhadas de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Vaz de Lima, Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), Bruno Araújo e Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Quanto à posição de Dias Toffoli, que eles queriam ver longe do julgamento, os parlamentares de oposição concluíram que ao votar contra o desmembramento ele buscou um salvo-conduto, para no futuro declarar-se imparcial.

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