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"Vivo o pior momento da minha vida", diz Demóstenes durante depoimento

O senador está sendo sabatinado no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar sobre relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira

11:25 | 29/05/2012

Começou por volta das 10 horas desta terça-feira (29), a reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para ouvir o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de quebra de decoro por envolvimento com o esquema criminoso montado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O parlamentar goiano chegou acompanhado de seu advogado Antônio Carlos de Almeida, o Kakai.Durante depoimento, ele desabafou: "Vivo o pior momento da minha vida".
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O senador confirmou que era amigo de Cachoeira. "Reafirmo que tinha amizade com ele, sim", diz Demóstenes sobre relação com Cachoeira. Mas, de acordo com o senador, não sabia em que tipo de atividades Cachoeira estava envolvido. "Antes estava com a lanterna na popa, agora com a lanterna na proa, a gente sabe o que acontece", disse.
Demóstenes também leu partes do inquérito da Polícia Federal que, de acordo com o senador, provariam que ele não tem envolvimento com o jogo ilegal. Ele destacou ainda que delegados da PF envolvidos nas operações dizem em relatórios que não constataram vínculo de pessoas com foro privilegiado com o jogo ilegal.
O ex-democrata rebateu denúncias de que teria recebido dinheiro do esquema criminoso. "Não entrou um milhão na minha conta. “Nem R$ 1 milhão, (...) nem 3 mil reais, em nenhum momento isso entrou na minha conta ou me foi dado de qualquer maneira”, disse o senador.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse ao chegar à reunião que considera a defesa do senador Demóstenes Torres uma "missão impossível". Para o líder do PSDB, houve quebra de decoro. "Os fatos são contundentes e nada pode reverter essa expectativa de cassação de mandato", disse.
CPI
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as relações entre Cachoeira e agentes públicos e privados tem reunião considerada decisiva marcada para as 14 horas. A CPI deve finalmente decidir sobre dois temas polêmicos que geram divergências entre os parlamentares: a possível convocação de três governadores e a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico relacionados á direção nacional da Delta Construções.
A convocação dos governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) tem sido motivo de polêmica nas últimas semanas. O assunto só seria posto em análise no dia 5 de junho; mas, diante da pressão de alguns dos integrantes da comissão, o presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB) antecipou a decisão para esta terça-feira (29), contando com o apoio dos parlamentares do PMDB, PT e PSDB. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pedro Taques (PDT-MT) e Kátia Abreu (PSD-TO) e os deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Sílvio Costa (PTB-PE), por sua vez, protestaram, pois queriam que os requerimentos para as convocações tivessem sido apreciados na quinta-feira (24).
Outro assunto polêmico da pauta é a quebra de sigilo da Delta em âmbito nacional. Na semana passada, com a revelação de que recursos de contas da construtora no Rio de Janeiro abasteceram empresas de fachada que serviam à organização criminosa, o próprio relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que inicialmente era contrário à ideia, admitiu pela primeira vez a necessidade de se investigar as atividades da matriz da empresa.

com informações da agência Senado

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