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Advogado de Garcez questiona gravações da PF

13:43 | 24/05/2012
O advogado Ney Moura Teles, que defende o ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB), colocou em xeque as gravações feitas pela Polícia Federal que apontam o seu cliente como integrante do esquema comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na saída do depoimento de Garcez à CPI do Cachoeira, Moura Teles defendeu a realização de uma perícia em todo o sistema de interceptação telefônica da PF, que deflagrou a operação Monte Carlo.

O defensor disse que "muitas" das gravações, "senão todas", são montagens. Moura Teles questionou o fato de haver dois ou três meses sem interceptações telefônicas. "Eles esconderam gravações que, com certeza, podem apontar ligações com pessoas que estão querendo proteger", afirmou.

O advogado afirmou que o seu cliente mostrou que "não integra nenhuma organização criminosa", mas é apenas empregado da Delta. Garcez disse que recebia R$ 20 mil por mês do ex-diretor da construtora para prestar consultoria.

O defensor observou ainda que seu cliente "claro" que é amigo de Cachoeira. "Isso não está em discussão, e ser amigo de alguém não é crime", afirmou. Moura Teles disse que o ex-vereador é amigo de "muitos políticos".

Segundo o advogado, Garcez não quis "passar recados" ao citar, em depoimento, que integrantes do governo federal fazem parte da sua lista de relações de amizade, como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o assessor da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto.

Na opinião de Moura Teles a investigação da CPI não vai dar "em nada" porque o Supremo Tribunal Federal (STF) vai anular as apurações ao julgar ilegais as investigações que foram feitas do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). "O crime é que tem que ser apurado, e com provas lícitas. Essas gravações são todas ilícitas", afirmou. "Só o Supremo tem coragem de anular", disse o advogado, para quem seu cliente está preso de forma irregular há 86 dias. O máximo, segundo ele, seriam 81 dias.

Silêncio

Após o depoimento de Garcez, dois auxiliares de Carlinhos Cachoeira - Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e Jairo Martins - deixaram a CPI sem se pronunciar. Antes da abertura dos trabalhos da comissão, o advogado dos dois, Leonardo Gagno, havia dito que eles iriam ficar em silêncio.

Segundo o advogado, Idalberto está preso numa repartição da Marinha (ele é militar da reserva) por envolvimento no esquema de Cachoeira. Jairo, segundo Gagno, está em liberdade.

Os deputados e senadores da CPI transformaram o encontro numa sessão administrativa. Parlamentares pressionam para que o colegiado aprove a quebra de sigilo da matriz da Delta.

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