PT-MG quer recuperar espaço perdido para PSDB em BH
Diante disso, lideranças petistas já iniciaram reuniões com Lacerda durante a semana. Oficialmente, o discurso é que os encontros foram realizados para tratar de propostas para um programa de governo. Na prática, porém, a pauta de negociações inclui temas mais difíceis de serem digeridos. Nos bastidores, lideranças petistas assumem que o partido quer recuperar o espaço ocupado por tucanos após o socialista - eleito com apoio do ministro Fernando Pimentel e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) - assumir.
Depois de 16 anos fora da prefeitura, tucanos conquistaram, com a eleição de Lacerda, cargos com controle de cobiçados orçamentos e políticas públicas, como a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a BHTrans, responsável pelo gerenciamento de todo o transporte público e do tráfego na cidade.
Apesar de negar que esse seja o ponto central das discussões com o PDB no momento, o deputado federal Miguel Corrêa Júnior (PT-MG), cotado para ser vice de Lacerda, assume que "pela dimensão e importância do PT", o partido tem direito a reivindicar cargos. "Nos espaços hoje geridos pelo PSDB, nosso trabalho era muito melhor", alfineta. O presidente do diretório petista de Minas, o também deputado federal Reginaldo Lopes, segue na mesma linha, mas revela que as conversas com o prefeito também têm o objetivo de "repactuar o protagonismo do PT" no Executivo municipal. "Há muita diferença na forma de condução (do governo)", disse, referindo-se ao PSDB.
Bicadas - Este, por sinal, é outro assunto espinhoso na pauta de discussão entre PT e PSB. Depois do racha interno em torno da candidatura própria ou apoio a Lacerda, "70% a 80%" dos petistas mineiros, segundo Lopes, são contrários à aliança com o PSDB. "Em 2008, parte do PT entendia que havia possibilidade intrínseca de estender para o resto do País", disse o presidente do diretório petista, referindo-se à aliança entre PT e PSDB. "Mas não há, porque são muito diferentes. É um País e são dois sistemas", acrescentou. Nesse ponto, Lopes tem apoio até do vice-prefeito Roberto Carvalho, principal defensor da candidatura própria do PT. "Devemos dar prazo para o PSB decidir. Não é ultimato, mas aliança é via de mão dupla. Ninguém casa consigo mesmo", comparou.
O PSDB, porém, já deu seu ultimato à direção socialista e reivindica a participação forma na aliança, na coordenação da campanha eleitoral e no governo. "O PT ainda não formalizou o apoio e nós estamos discutindo as alianças. Mas a ideia é fazemos (coligação) com todos que possam contribuir", adiantou um dos dirigentes do PSB no Estado.