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Em depoimento, acusado de matar deputada cita Renan Calheiros

Ceci Cunha foi morta em 1998. Um dos acusados afirmou que foi torturado por pessoas ligadas ao senador alagoano para confessar crime

09:15 | 17/01/2012
Durou três horas e meia o depoimento do primeiro dos cinco acusados de participar do assassinato da deputada alagoana Ceci Cunha e de três familiares em 16 de dezembro de 1998, em Maceió. José Alexandre dos Santos, conhecido como José Piaba, alegou inocência, chorou e disse ter sido torturado por policiais federais para confessar o crime. Além disso, disse que os policiais que o torturaram eram "pessoal do (senador) Renan Calheiros (PMDB-AL)". Segundo Santos, ele é amigo de outro acusado de executar o crime, Alécio César Alves Vasco, mas não conhece os outros dois, Jadielson Barbosa da Silva e Mendonça Medeiros da Silva. Sobre o ex-deputado Talvane Albuquerque, Santos diz conhecer "de nome". "Posso estar assinando minha sentença de morte, mas sou inocente", disse, chorando, ao juiz federal André Luís Maia Tobias Granja, que presidiu a sessão. O acusado alega que estava em outro município - Arapiraca, a 128 quilômetros de Maceió, quando houve o crime. "Eu teria de ser dois para ter participado", diz. Sua confissão de participação na chacina, em depoimento gravado, teria sido fruto de tortura por parte de policiais federais. De acordo com ele, um grupo de agentes o prendeu em Sítio Novo, no Maranhão, onde passeava. De lá, teria sido levado para Imperatriz (MA), a cerca de 120 quilômetros, em uma caminhonete plotada com o logotipo de Ibama. "Eles disseram: 'A gente é pessoal do Renan Calheiros e você está lascado, vai pegar 20 anos de cadeia'", contou o acusado. "Eles me bateram, botaram muita pressão, com armas, metralhadoras. Dei depoimento algemado. Um me batia e dizia 'fala assim, porque a gente tem de incriminar alguém' e 'alguém tem de pagar pelo crime'. Depois, falava 'a gente sabe que você não tem nada a ver, mas tem de acusar os caras'." O juiz indagou sobre ligações feitas por Albuquerque a um celular registrado em seu nome, pouco depois do crime. Santos alegou que, à época, comprava e vendia produtos usados, entre eles celulares. Negou, porém, saber quem estava com o celular em seu nome ou que vendesse armas - como foi registrado em depoimentos de seu irmão e de sua cunhada. "Eles também apanharam da polícia", justificou. A defesa do acusado lembrou que Santos foi absolvido da acusação de participação no crime pela Justiça estadual. "Nunca fui condenado por nada, nunca tinha sido preso antes disso", contou. "Sou mototáxi, pai de família, nunca molhei minha mão de sangue".

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