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Governo dos EUA vive mais longa paralisação de sua história

08:18 | 12/01/2019
Paralisação parcial da máquina estatal entra em seu 22º dia. Trump fala em "invasão" de imigrantes para pressionar democratas a aprovar muro na fronteira. Cerca de 800 mil funcionários públicos estão sem salários.Em meio a um impasse entre a Casa a Branca e a oposição democrata, a atual paralisação parcial da máquina estatal americana, também chamada de shutdown, entrou em seu 22º dia neste sábado (12/01), o que faz dela a mais longa da história dos EUA. O recorde anterior havia ocorrido em 1966, no governo do ex-presidente Bill Clinton. A recusa democrata em aprovar 5,7 bilhões de dólares exigidos por Donald Trump para a construção de um muro na fronteira com o México destinado a frear a imigração ilegal, uma de suas principais promessas de campanha, paralisou o governo. Em resposta, o presidente se recusou a assinar orçamentos de vários departamentos governamentais não relacionados com a disputa. Como resultado, cerca de 800 mil funcionários do Estado – de agentes do FBI a controladores do tráfego aéreo e funcionários de museus – não receberam seus salários nesta sexta-feira. No mesmo dia, Trump recuou da ameaça de declarar estado de emergência no país caso o impasse com os democratas não fosse resolvido, o que lhe daria poderes para driblar o bloqueio do Congresso. "Não vou fazer isso tão rápido assim", disse o presidente. Ele afirmou que declarar estado de emergência seria a maneira mais fácil de acabar com a paralisação do governo, mas que o Congresso precisa assumir a responsabilidade de aprovar os 5,7 bilhões de dólares. Até o momento, Trump havia sugerido várias vezes estar perto de tomar a controversa decisão de declarar emergência. Não está claro o que fez o presidente mudar de ideia, mas ele reconheceu numa reunião da Casa Branca que a tentativa de adotar a medida poderia resultar em batalhas legais na Suprema Corte. Opositores afirmam que uma manobra unilateral do presidente em relação à delicada questão da fronteira seria um abuso constitucional e estabeleceria um perigoso precedente para controversas semelhantes. O impasse se transformou num teste para Trump, que chegou à Casa Branca gabando-se de sua habilidade de negociar e fazendo de uma política de fronteira agressiva o pilar de sua agenda nacionalista. Democratas, por sua vez, parecem determinados a não conceder uma vitória ao presidente nessa questão. Cerca de um terço da fronteira com o México já é protegido por cercas, e a necessidade de um muro foi pouco debatida. Mas Trump transformou a questão numa cruzada política, vista por opositores como uma manobra para alimentar a xenofobia de seu eleitorado de direita, enquanto ignora deliberadamente a complexa realidade da fronteira. Trump visitou a fronteira do Texas com o México nesta quinta-feira numa tentativa de pressionar a oposição democrata a aprovar o financiamento da construção do muro. Num tuíte postado nesta sexta, Trump classificou a imigração ilegal na fronteira sul do país de "crise humanitária" e "invasão", apesar de as travessias terem diminuído nos últimos anos. Nancy Pelosi, líder democrata da Câmara dos Representantes e figura-chave da oposição à agenda de Trump, afirmou que dinheiro deveria ser investido em segurança de fronteiras, mas não em muros. Entre os órgãos governamentais que não estão recebendo verbas durante a paralisação estão as secretarias de Estado, Agricultura, Transporte, Interior e Justiça. Alguns dos famosos parques nacionais do país estão fechados, assim como os museus Smithsonian e o Zoológico Nacional em Washington. Quase todos os funcionários da agência espacial Nasa receberam instruções para permanecerem em casa. O mesmo ocorre com a agência do Departamento do Tesouro responsável pela coleta e restituição de impostos. A Câmara dos Representantes e o Senado votaram nesta sexta-feira a favor de assegurar pagamento retroativo aos funcionários públicos assim que a máquina estatal voltar a funcionar normalmente. O presidente ainda precisa assinar a legislação. LPF/ap/afp ______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram | Newsletter

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