Fracassa tentativa dos EUA de fazer ONU condenar palestinos do Hamas 

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Fracassa tentativa dos EUA de fazer ONU condenar palestinos do Hamas

12:58 | 07/12/2018
Manifestantes protestam contra resolução americana contra grupo Hamas, em GazaIniciativa americana de condenar grupo palestino obtém maioria dos votos, mas fica abaixo da maioria de dois terços necessária para aprovação. Apoio a resolução rival evidencia divisões sobre conflito.A Assembleia Geral da ONU rejeitou nesta quinta-feira (06/12) uma resolução proposta pelos Estados Unidos que condenaria, pela primeira vez, o movimento palestino Hamas. Washington costuma lançar críticas à Assembleia por se pronunciar com frequência contra Israel, mais nunca em oposição ao grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza. Antes da votação, a embaixadora americana Nikki Haley havia dito que a Assembleia poderia fazer história e denunciar incondicionalmente o Hamas, que considerou "um dos casos mais grotescos de terrorismo no mundo", apontando que o resultado traduziria "a seriedade de cada país no que diz respeito à condenação do antissemitismo". "Não há nada mais antissemita do que afirmar que o terrorismo não é terrorismo quando aplicado contra o povo judeu e o estado judaico", afirmou Haley. No início da sessão, os países árabes solicitaram que a aprovação da resolução deveria se dar por maioria qualificada, ou seja, por dois terços da Assembleia de 193 países-membros, em vez de maioria simples. O pedido árabe foi aprovado em votação apertada, com 75 votos a favor, 72 contra e 26 abstenções. A manobra árabe teve resultado. Ao final, a resolução contra o Hamas obteve 87 votos favoráveis, 57 contra e 33 abstenções, sem atingir a maioria qualificada. Mesmo assim, a iniciativa americana conseguiu um apoio significativo, ao contrário do tradicional isolamento que os EUA enfrentam na ONU na maioria dos temas relacionados ao conflito do Oriente Médio. Washington teve o apoio de muitos dos seus aliados, incluindo os países da União Europeia (UE) e de diversas nações latino-americanas. A resolução foi bloqueada em bloco pelos países árabes, que contaram com o apoio da Rússia e da China. A resolução trazia críticas ao Hamas por "lançar repetidamente foguetes contra Israel e por incitar a violência, pondo os civis em risco". O texto elaborado pelos americanos exigia o fim de "todas as atividades violentas e ações provocadoras" do grupo palestino. O bloco árabe alegava que o texto buscava ocultar as violações israelenses das leis internacionais e de várias decisões das Nações Unidas. O Hamas é considerado um grupo terrorista nos EUA, UE e outros países, mas não pela ONU. Em comunicado, o Hamas agradeceu aos estados-membros da ONU que "se mantiveram ao lado da resistência de nosso povo e da justiça de sua causa" e afirmou que a embaixadora Haley é "conhecida por seu extremismo e suas posições em apoio ao terrorismo sionista na Palestina". O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou a "ampla maioria" dos países que pela primeira vez "tomaram uma posição firme contra o Hamas". Ele considerou o resultado da votação como "uma conquista importante para Israel e para os Estados Unidos". A tentativa dos Estados Unidos de condenar o Hamas e de pedir que o grupo militante pare de lançar foguetes contra Israel motivou uma emenda apoiada pelos palestinos e endossada pela Bolívia. A proposta define as bases para uma paz abrangente israelo-palestina e faz referência a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de 2016, que condenou assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental como uma violação da lei internacional. O texto também reafirma apoio a uma solução de dois Estados para o conflito no Oriente Médio – assuntos não incluídos no rascunho americano. Os palestinos e seus apoiadores, porém, acabaram votando numa resolução rival à americana endossada pela Irlanda, mas que não menciona o Hamas. A resolução irlandesa foi aprovada por 156 votos a favor e seis contra, incluindo 12 abstenções. As resoluções rivais refletem as profundas divisões entre os 193 países-membros da ONU sobre o conflito israelo-palestino – e o fracasso para encerrá-lo. Diferentemente das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, as resoluções da Assembleia Geral não são vinculantes. Sob o presidente Donald Trump, os Estados Unidos vêm demonstrando um curso de forte viés pró-israelense. Apesar de medidas controversas como a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, Trump anunciou um plano de pacificação entre israelenses e palestinos para o início de 2019. A atual embaixadora americana junto à ONU, Nikki Haley, deixará o cargo no final deste mês. Ela deverá ser substituída pela porta-voz da Secretaria de Estado, Heather Nauert. RC/efe/ap/dw ______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram | Newsletter

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