Mudança climática pode impactar oferta de cerveja
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Mudança climática pode impactar oferta de cerveja

16:08 | 15/10/2018
Mudanças climáticas podem tornar a cerveja um prazer caroEstudo indica que ondas de calor e outros eventos climáticos extremos podem levar a reduções na produção da cevada. Aumentos de preços e queda do consumo do produto estão entre as possíveis consequências.Más notícias para amantes de cerveja: as mudanças climáticas não só causam o aumento do nível do mar, furacões mais fortes e incêndios florestais mais intensos, mas também podem prejudicar a oferta global de cerveja. Um estudo internacional, conduzido pelas universidades americanas UCI e UEA, sugere que a mudança climática pode afetar de forma severa o fornecimento global de cerveja. Isso porque secas e ondas de calor cada vez mais intensas podem causar um declínio mundial no rendimento das safras de cevada, principal ingrediente da cerveja. O estudo adverte que isso pode resultar em um aumento nos preços da cerveja e uma consequente queda no consumo da bebida. Para o estudo, pesquisadores de Reino Unido, China, México e Estados Unidos identificaram eventos climáticos extremos e projetaram os impactos na produção de cevada em 34 regiões do mundo. Eles, então, examinaram os efeitos da redução da produção da cevada no fornecimento e no preço da cerveja em cada região sob uma variedade de cenários climáticos futuros. "É a primeira vez que isso é feito", disse à DW o coordenador do estudo e principal autor do Reino Unido, Dabo Guan, que é professor de economia da mudança climática na UEA. "Nosso objetivo era alertar as pessoas nos países ocidentais desenvolvidos de que a vida privada delas será seriamente afetada pelas mudanças climáticas. Talvez elas não venham a sofrer com a fome causada pela mudança climática da mesma forma que nos países em desenvolvimento, mas sua qualidade de vida será seriamente prejudicada", afirmou o especialista. Os resultados do novo estudo revelam potenciais quedas de produção cujas médias vão de 3% a 17%, dependendo da gravidade das condições. Durante os eventos climáticos mais severos, os resultados indicam que o consumo global de cerveja diminuiria em 16%, o equivalente a 29 bilhões de litros, o que praticamente corresponde ao consumo total de cerveja nos Estados Unidos durante um ano. E, na média, os preços da cerveja devem dobrar. Mesmo em eventos extremos menos severos, o estudo mostra que o consumo de cerveja pode cair 4%, enquanto os preços da cerveja podem subir 15%. O levantamento sugere que os países que mais consumiram cerveja nos últimos anos também serão os mais afetados em termos de consumo absoluto. Com 1,4 bilhão de cidadãos, a China é atualmente o primeiro país em relação ao volume de consumo da bebida. Com o aumento dos eventos climáticos extremos, o consumo da cerveja no país poderá cair em 4,34 bilhões de litros, o equivalente a cerca de 10% de seu consumo atual. Nos Estados Unidos, o consumo de cerveja pode diminuir em cerca de 20% quando ocorrerem secas e ondas de calor. Na Alemanha, o consumo atual do produto pode diminuir em cerca de 30%. E no Reino Unido, ele pode cair em mais de um terço, enquanto o preço da mercadoria pode dobrar. Os eventos climáticos extremos, segundo o estudo, afetarão a cevada disponível para a fabricação de cerveja de maneira diferente em cada região, já que a destinação da cevada entre o fabrico de ração animal, produção cerveja e outros usos dependerá dos preços específicos da região. As produções globais e locais de cevada devem declinar progressivamente em anos de eventos extremos mais severos, com a maior média de diminuição do fornecimento alcançando entre 27% a 38% em alguns países europeus, como Bélgica, República Tcheca, Alemanha e Polônia. Isso levaria também a uma elevação de preços nesses países amantes da cerveja. "Em termos de mudança relativa, os países mais afetados são os do Leste Europeu, como Estônia, Polônia e República Tcheca, onde o preço da bebida pode aumentar seis ou sete vezes", afirmou Guan. "Uma garrafa de cerveja que hoje custa 70 centavos custará 3,5 dólares." Isso porque esses países da UE produzem muita cerveja, bebem muita cerveja, mas não produzem cevada de boa qualidade. A maior parte da cevada é importada de outros países. "A Irlanda terá a maior mudança em termos de mudança absoluta de preço", explicou Guan. "Enquanto um cidadão irlandês paga atualmente cerca de 2,5 dólares por meio litro de cerveja, ele poderá pagar 5 dólares por causa de eventos climáticos extremos." As mudanças climáticas, claro, têm um impacto na produção mundial de alimentos em geral, não apenas na produção de cerveja. Apenas 17% da cevada mundial são usados atualmente na fabricação de cerveja. A maior parte se destina a produzir ração para rebanhos bovinos. Mas as mercadorias de consumo supérfluas, como a cerveja, podem ser as primeiras a serem afetadas quando o cultivo da cevada se tornar necessário para garantir alimento para o gado. O mesmo vale para outros supérfluos, como vinho, chá, café e chocolate. "Com o aumento de eventos climáticos extremos, itens de luxo começarão a ficar muito caros ou mesmo indisponíveis", frisou Guan. "É claro que isso não mata. Mas a qualidade de vida das pessoas será seriamente comprometida, e a estabilidade social ficará ameaçada. E talvez isso sirva de alerta para que as pessoas façam alguma coisa a respeito da mudança climática agora. A mudança climática é responsabilidade de todos. Precisamos agir juntos para combater o aquecimento global." ---------------- A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram | Newsletter Autor: Anne-Sophie Brändlin (md)

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