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Presidente da África do Sul renuncia

18:09 | 14/02/2018
Envolvido em uma série de escândalos e pressionado pelo próprio partido, Jacob Zuma anuncia que deixa o cargo, que ocupava há quase uma década. Político é alvo de centenas de acusações por corrupção.O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, renunciou nesta quarta-feira (14/02) ao cargo em um pronunciamento na TV estatal do país. O político que comandava a Presidência desde 2009 e contra quem pesam centenas de acusações de corrupção acatou um ultimato do próprio partido, o Congresso Nacional Africano (CNA). "Fui obrigado a me demitir como resultado de um voto de falta de confiança estabelecido pelo CNA", disse Zuma, citando a ameaça feita por membros do seu partido de convocar na quinta-feira uma votação no Parlamento sul-africano para expressar que não estavam mais apoiando seu governo. O antecessor de Zuma, Thabo Mbeki, foi forçado a deixar o cargo da mesma maneira em 2008. "Eu, portanto, tomei a decisão de demitir-me como presidente da República com efeito imediato. Embora eu não concorde com a decisão da liderança do meu partido, sempre fui membro disciplinado do CNA”, disse Zuma. Caso não renunciasse, Zuma corria o risco de ser destituído pelo Parlamento. Mais cedo, ele havia adotado um tom mais desafiador em uma entrevista e disse que não pretendia renunciar. Zuma, um veterano da luta antiapartheid, enfrentava uma série de escândalos de corrupção que arranharam sua imagem e estava envolvido em uma disputa com uma facção rival do seu partido, liderada pelo vice-presidente Cyril Ramaphosa, que agora vai assumir provisoriamente a Presidência no país. A expectativa é que Ramaphosa seja confirmado como o novo chefe do Executivo com mandato até maio de 2019 pelo Parlamento nesta quinta-feira. Ramaphosa será o quinto presidente da África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994. Todos os chefes do Executivo desde então foram filiados ao CNA. Há cerca de dois meses, o rival de Zuma assumiu o posto de presidente do CNA, acelerando a derrocada do chefe de Estado. Zuma havia apostado na candidatura de Nkosazana Dlamini-Zuma, sua ex-mulher, como líder do CNA. A derrota da candidatura da apadrinhada de Zuma foi vista como uma vitória para os reformista do CNA. Escândalos de corrupção Zuma já havia sobrevido a várias moções de censura. Em agosto do ano passado, o Parlamento da África do Sul rejeitou uma moção contra o presidente. A crise evidencia a desordem vigente no CNA, partido que foi o principal movimento contra o governo de minoria branca e que lidera a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994. Antes com o status moral de ser o partido de Nelson Mandela, o CNA teve sua popularidade abalada pelos escândalos de corrupção ligados a Zuma. O agora ex-presidente é alvo de quase 800 acusações por corrupção, entre elas as relativas a contratos de armas do final dos anos 1990 e a investigações por ter usado o Estado para favorecer empresários vinculados com concessões públicas milionárias. Ele nega as acusações. Em 2016, o Tribunal Constitucional da África do Sul obrigou Zuma a ressarcir o Estado em 500 mil euros gastos de forma irregular na reforma de sua residência particular. _______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App JPS/ots

DW Brasil

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