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Turquia e Alemanha sinalizam reaproximação

13:12 | 06/01/2018
Gabriel (dir.) recebeu Çavusoglu na AlemanhaApós meses de tensão, ministros do Exterior de ambos os países dizem querer superar diferenças e reavivar "diálogo estratégico". Político alemão classifica homólogo turco de "colega e amigo" e aposta em respeito mútuo.Os ministros do Exterior da Alemanha e da Turquia defenderam, neste sábado (06/01), a retomada de relações bilaterais amistosas, após mais de um ano de tensões entre os dois países. Ambos deixaram claro, no entanto, que diferenças significativas permanecem. O ministro do Exterior alemão, Sigmar Gabriel, recebeu seu homólogo turco, Mevlüt Çavusoglu, na cidade alemã de Goslar, num momento em que as autoridades turcas tentam melhorar a relação do país com a Europa. Nesta sexta-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, visitou a França. Gabriel afirmou que ele e Çavusoglu concordaram em recomendar que uma comissão econômica turco-alemã volte a se reunir após uma longa pausa. Ambos também querem reavivar um "diálogo estratégico" entre seus ministérios. "Não podemos esperar que concordemos imediatamente em todas as questões, há diferenças de opinião", disse Gabriel. "Mas estamos, acredito, bem aconselhados a prosseguir com nosso debate de maneira aberta e com respeito mútuo." "Sim, há diferenças, houve problemas, até mesmo tensões", reconheceu Çavusoglu, que foi chamado por Gabriel de "colega e amigo". "Mas temos a mesma opinião e a vontade conjunta de que possamos superar essas tensões, essas diferenças, por meio do diálogo." Çavusoglu ressaltou a importância de uma "cooperação sincera" e reconheceu diferenças em relação às negociações travadas de adesão da Turquia União Europeia. Nesta sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, descartou a entrada do país no bloco. Meses de tensão As relações entre Turquia e Alemanha se deterioram após Ancara reagir a uma tentativa de golpe militar, em julho de 2016, com detenções e demissões em massa. A situação piorou quando autoridades de alguns países europeus, inclusive da Alemanha, impediram ministros turcos de realizarem comícios expatriados turcos para promover um referendo que visava expandir os poderes do presidente. Um fator que particularmente afetou a relação entre Berlim e Ancara foi a prisão de uma série de cidadãos turco-alemães na Turquia, entre eles o jornalista Deniz Yücel, acusado de terrorismo. A Alemanha deixou claro que a detenção de Yücel, preso há quase 11 meses, continua sendo um obstáculo para melhorar as relações bilaterais. Segundo o governo alemão, sete pessoas estão detidas atualmente por razões políticas. Gabriel afirmou, no entanto, que houve progresso recentemente, referindo-se à libertação de alguns alemães, entre eles a jornalista Mesale Tolu. Paralelamente ao encontro entre Gabriel e Çavusoglu, um grupo de manifestante saiu às ruas de Goslar pedindo "liberdade para todos os presos políticos na Turquia". Ao mesmo tempo, outros manifestantes, de ascendência turca, demonstraram apoio a Çavusoglu. Enquanto a Alemanha exige a libertação de presos, a Turquia quer que Berlim aja com mais firmeza contra o proibido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o movimento do sacerdote muçulmano dissidente Fethullah Gülen, o qual Ancara diz estar por trás da tentativa de golpe militar. Gabriel afirmou que recentemente a polícia alemã agiu contra manifestantes em Düsseldorf que queriam exibir símbolos do PKK. Antes da tentativa de golpe na Turquia, as relações entre Berlim e Ancara foram abaladas quando o Parlamento alemão aprovou, em 2016, uma resolução que classifica de genocídio o massacre perpetrado há um século pelo Império Otomano contra a minoria armênia, durante a Primeira Guerra Mundial. O ano de 2017 foi marcado por uma escalada das tensões, com Ancara acusando Berlim de "práticas nazistas" e Merkel de populismoe de apoiar terroristas. Em meio à crise diplomática, o governo alemão endureceu as advertências de viagem de seus cidadãos à Turquia. LPF/dpa/afp/efe _______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App

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