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"Trump não sabe o que faz"

13:24 | 07/12/2017
Na Casa Branca, Trump anunciou transferência da embaixada americana de Tel Aviv para JerusalémDecisão do presidente dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel viola direito internacional, diz especialista em entrevista à DW. Ele destaca que medida pode gerar agitação e ataques terroristas.O presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu nesta quarta-feira (06/12) Jerusalém como capital de Israel. Para Christian Tomuschat, membro emérito da Faculdade de Direito da Universidade Humboldt, em Berlim, a decisão poderá gerar agitação e ataques terroristas que tornarão improvável o sucesso de negociações de paz num futuro próximo. Leia também: Opinião: De propósito, Trump atiça conflito no Oriente Médio "Não se sabe como o resto do mundo árabe reagirá. Um embargo de petróleo ou outras consequências drásticas não podem ser excluídas", afirma Tomuschat, que também foi membro do Comitê de Direitos Humanos da ONU e presidente da Comissão de Direito Internacional da ONU. "Trump não sabe o que faz." DW: Trump viola o direito internacional ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel? Christian Tomuschat: Sim, isso é uma violação de uma resolução vinculativa do Conselho de Segurança da ONU, que afirma que a anexação de Jerusalém Oriental por Israel é incompatível com o status vigente de Jerusalém como parte dos territórios palestinos. Assim, é uma violação, por parte dos EUA, de uma decisão que eles mesmos apoiaram. Foi uma anexação violenta, e é indispensável no direito internacional que Estados terceiros não reconheçam isso. Há diferença entre reconhecer Jerusalém como capital e transferir a embaixada americana para a cidade? Essa é apenas a execução do que os EUA decidiram em um primeiro passo. A transferência da embaixada é a consequência natural. O primeiro passo é mais decisivo: a determinação dos EUA de que Jerusalém é a capital de Israel. A transferência da embaixada é apenas uma confirmação. Existe alguma mudança legal para os habitantes de Jerusalém? Legalmente, permanece tudo na mesma. A incorporação de Jerusalém ao território israelense já está completa. Até agora, os israelenses respeitam a presença dos palestinos no leste de Jerusalém. Mas Israel talvez aproveite a oportunidade para limitar ainda mais os direitos de permanência e residência dos palestinos em Jerusalém Oriental. Eu receio que essa possa ser a consequência. Tentou-se diversas vezes nos últimos anos expulsar os palestinos de Jerusalém Oriental, privando-os do direito de residência após uma curta ausência e, ainda, não emitindo novas licenças de construção. Quais são as consequências políticas da decisão de Trump? Eu não sei o que os EUA pensaram. Claro que essa decisão poderá gerar agitação e ataques terroristas. Assim, são criados fatos que tornam improvável o sucesso das negociações [de paz] num futuro próximo. Isso continua sendo uma ferida e causará agitação eternamente, com muitas consequências violentas. Não se sabe como o resto do mundo árabe reagirá. Um embargo de petróleo ou outras consequências drásticas não podem ser excluídas. Trump não sabe o que faz. Uma solução pacífica para o conflito do Oriente Médio fica cada vez mais distante? Naturalmente isso [a decisão de Trump] torna menos provável a solução de dois Estados – que todos apoiaram. O governo israelense sempre foi muito cauteloso, mas, agora, isso parece ser completamente inútil. Os palestinos não desistirão de Jerusalém devido aos símbolos religiosos que estão localizados na cidade. _______________ A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App Autor: Peter Hille (fc)

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