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Brasil ressuscita "jogo bonito" e vai à Copa entre favoritos

12:04 | 11/10/2017
Com campanha irrepreensível, Tite realça importância coletiva, recupera moral dos jogadores e alcança feito inédito. Cotada como favorita na Rússia, Seleção precisa melhorar pontos cruciais para conquistar o hexa.A seleção brasileira carimbou a vaga para a Copa do Mundo da Rússia de 2018 com quatro rodadas de antecedência, conquistou o título simbólico de campeão das Eliminatórias sul-americanas com uma campanha avassaladora – que teve um início um pouco turbulento – e recuperou o moral do futebol brasileiro, manchado após a goleada de 7 a 1 sofrida no Mundial de 2014, em pleno Mineirão, para a Alemanha. O Brasil concluiu as Eliminatórias com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado Uruguai, somando 12 vitórias, cinco empates e apenas uma derrota. Além disso, a seleção brasileira teve o melhor ataque (41 gols) e a melhor defesa (11 gols sofridos – igualando o recorde histórico estabelecido pelo Brasil nas Eliminatórias para o Mundial de 2010) do torneio. E por mais que os ótimos números finais não tenham sido suficientes para quebrar o recorde de melhor campanha (a marca pertence à Argentina, que nas Eliminatórias para o Mundial de 2002 somou 43 pontos, com 42 gols marcados e 15 sofridos), a seleção brasileira ascendeu de equipe desacreditada a uma das principais favoritas a conquistar a Copa do Mundo na Rússia. A evolução, a reconquista do respeito no cenário mundial e a recuperação de diversos atletas envolvidos no desastre de 2014 é fruto de um novo ciclo, que começou há pouco mais de um ano. O responsável pela guinada e na reaproximação da Seleção com o povo brasileiro? Adenor Leonardo Bachi, o Tite. O treinador estreou no comando da seleção brasileira em 1º de setembro de 2016 contra o Equador, em Quito. O Brasil estava fora da zona de classificação para o Mundial – até mesmo da posição que leva à repescagem. A vitória por 3 a 0 marcou o início de uma caminhada irrepreensível, de nove vitórias seguidas nas Eliminatórias. E melhor: apresentando um futebol ofensivo, coletivo e vistoso. Já classificado, o Brasil encerrou a campanha com dois empates e o triunfo por 3 a 0 contra o Chile, na terça-feira (10/10), em São Paulo. A vitória garantiu a Tite uma marca histórica: ele se tornou o primeiro treinador da seleção brasileira a derrotar todos os adversários nas Eliminatórias (sob outro formato, outros treinadores também venceram todos os adversários, mas com o Brasil não enfrentando todas as seleções sul-americanas). Brasil "só" com Tite seria líder O Brasil seria primeiro colocado nas Eliminatórias levando em conta somente os jogos sob o comando de Tite. Ou seja, o Brasil sob Tite estaria classificado ao Mundial com sete jogos a menos que a concorrência – os seis sob o comando de Dunga e o último jogo frente ao Chile. O treinador assumiu a Seleção na sétima rodada das Eliminatórias e, em 12 jogos, alcançou dez vitórias e dois empates. A Seleção marcou 30 gols e sofreu somente três. Os elogios soam de todas as partes: imprensa esportiva, treinadores europeus e dos próprios jogadores da seleção brasileira. O trabalho motivacional, a aproximação e a conversa franca com os atletas e conceitos mais modernos de tática e treinamento são alguns dos pontos constantemente apontados para explicar a ascensão da Seleção. Neymar – o craque da atual geração do futebol brasileiro e que visivelmente está mais leve e a vontade vestindo a Amarelinha – classificou Tite como o melhor treinador com quem já trabalhou. Conhecido por ser uma pessoa tranquila, centrada e sem vaidades, Tite ressaltou em diversas oportunidades que o legado deixado por seu antecessor Dunga o ajudou no início de seu trabalho. "Um técnico acaba emprestando coisas boas e ruins ao outro. Eu tenho um legado bom. O Renato [Augusto] já estava afirmado, o sistema já estava empregado, o Alisson já era o goleiro. A base da equipe teve sucesso em 2013 e o insucesso em 2014. Vamos ser justos: ela foi campeã da Copa das Confederações metendo três na Espanha", disse na véspera da partida contra o Chile. Faltam pouco mais de sete meses para a abertura da Copa do Mundo de 2018 na Rússia. O futebol apresentado pela seleção brasileira na era Tite – nestes últimos 13 meses – colocam o Brasil no seleto grupo de favoritos ao título mundial. Mas empolgações do passado mostram que todo cuidado é pouco. Em que pontos Tite deve ter cuidado para conquistar o hexa? Momento do ápice Argentina em 2002, Colômbia em 1994, o próprio Brasil de 2010 – seleções que fizeram campanhas irrepreensíveis nas Eliminatórias e chegaram com pompa aos Mundiais, mas decepcionaram. Atingir muito cedo o auge de desempenho de uma geração pode ser fatal e dar a ilusão de equipe a equipe está pronta, levando ao comodismo. Depois da conquista da Copa das Confederações de 2013, o então técnico Luiz Felipe Scolari afirmou já ter encontrado o time que venceria a Copa. Todos sabem no que deu... Estrutura clara de liderança Tite promoveu o rodízio de capitães. Desde que assumiu a Seleção, 13 atletas diferentes vestiram a braçadeira. A estratégia funcionou bem para unir o grupo, valorizar o coletivo e fazer com que jogadores se sintam importantes. Mas, ao longo da história, a Seleção sempre ficou marcada por ter uma estrutura clara de liderança em campo. Vulnerabilidade defensiva nas laterais As costas dos laterais são os pontos mais vulneráveis do Brasil. Pela direita, Dani Alves terá 35 anos na Copa da Rússia e nunca foi reconhecido na carreira por ser um bom marcador. O mesmo ocorre pelo lado esquerdo, com Marcelo. Contra seleções de melhor qualidade, que são capazes de trabalhar melhor a bola, pode vir a ser um problema. Cresce a importância de Casemiro chegar em alto nível ao Mundial. Seleções do topo Além das Eliminatórias, o Brasil realizou três amistosos (Colômbia, Argentina – única derrota de Tite – e Austrália). Nenhum adversário do alto escalão europeu. A seleção brasileira deve enfrentar Inglaterra e Espanha e, em março, tem agendado um amistoso com a Alemanha. De fato, o Brasil ainda precisa enfrentar competitivamente seleções do oeste da Europa, que chegaram em cinco das últimas seis finais. Controle emocional E a possibilidade de a Seleção perder a cabeça ficou evidente no péssimo primeiro tempo da equipe contra o Equador, pelas Eliminatórias. Principalmente de Neymar, que possui a tendência de se irritar facilmente quando as coisas não vão bem ou quando recebe uma marcação mais dura. Contra o Equador, por exemplo, recebeu um cartão amarelo infantil por uma falta desnecessária. Há o temor de que casos como este possam tirá-lo de uma partida importante na Copa. Autor: Philip Verminnen
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