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Onde os homens mais lavam a louça?

14:30 | 09/09/2016
Mundo afora, o sexo masculino participa mais das tarefas domésticas hoje do que há 50 anos, aponta estudo. No entanto a divisão do trabalho entre os sexos é mais igualitária em alguns países do que em outros.
O que são, exatamente, "trabalhos domésticos"? Num estudo intitulado Cinquenta anos de mudanças atualizados: Convergência internacional entre gêneros nas tarefas domésticas, pesquisadores da Universidade de Oxford as definem como "tarefas pouco apreciadas, de rotina e tradicionalmente femininas; atividades de lavar, limpar e cozinhar".

Tarefas tradicionalmente "masculinas ou neutras em termos de gênero", incluindo a manutenção da casa, reparos no carro e compras, foram desconsiderados para os fins da pesquisa.

Os autores constataram nas últimas cinco décadas "um movimento generalizado em direção a maior igualdade entre os gêneros", "apesar de breves estagnações, desacelerações e até mesmo reversões". Eles também identificaram diferenças significativas entre países.

O estudo abrange os anos de 1961 a 2011, e se baseia em respostas de homens e mulheres em 19 países, da Austrália a Israel. Naqueles onde o tempo dedicado por ambos os sexos às tarefas domésticas já era mais igualitário na década de 60 como os países escandinavos, Estados Unidos, Canadá e Austrália , os pesquisadores verificaram uma desaceleração da convergência entre os gêneros após o final dos anos 80.


Motivo de briga

As mulheres da Itália e da Espanha continuaram realizando bem mais tarefas domésticas do que as de outros países até o fim da primeira década do século 21, com os homens italianos, em particular, "dedicando-se consideravelmente menos às tarefas domésticas do que os de outros países".

De acordo com os dados analisados, em 1980, as italianas ainda dedicavam 4h20m por dia aos trabalhos domésticos 15 vezes mais que os maridos, que investiam um total de 17 minutos.

Na Alemanha, as mulheres gastam hoje três vezes mais tempo cozinhando e limpando a casa do que os homens, enquanto nos anos 1960 a proporção era de 14 para um. Nos EUA, os números caíram de sete para um, entre mulheres e homens respectivamente, em 1965, para apenas pouco mais do que o dobro em 2010.

A divisão dos trabalhos domésticos entre os sexos é importante para o bem-estar de um casal, argumentam os autores do estudo, acrescentando que desentendimentos sobre o assunto estão entre as "maiores causas de conflitos conjugais".


Vitória da política pró-família

Os países escandinavos lideram a lista quanto se trata de igualdade de gênero. As mulheres na Noruega, na Finlândia e na Dinamarca gastam somente duas vezes mais tempo nas tarefas de casa do que os maridos.

Segundo os autores do estudo, essa seria uma prova de que políticas favoráveis à família e boa assistência à infância ajudam a promover a igualdade entre os sexos. Em países onde os homens são a principal fonte de renda da família, as mulheres automaticamente se dedicam mais ao trabalho doméstico.

Os autores do estudo admitem que a igualdade na divisão das tarefas domésticas possa estar sujeita a limites, no contexto da política social vigente, da cultura de gestão e das restrições impostas pela ideologia de gêneros. Sua conclusão é que, no longo prazo, será necessário mudar esse modo de pensar.

Autor: Dagmar Breitenbach (lpf)
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