IIF: risco de contágio da crise italiana no mercado de bônus europeu é limitido
Entretanto, potenciais contágios do clima mais tenso na Itália (e em países emergentes mais vulneráveis) são de longo alcance, ressalta o IIF. Embora a agitação política doméstica ou os erros políticos possam ter despertado o surgimento de crises específicas para os italianos em 2018, o fato é que o aumento das taxas de juros dos EUA está forçando o mercado a fazer uma reavaliação das projeções em todos os níveis.
Para a IIF, ecos de crises passadas estão se tornando altos o suficientes para alimentar especulações de que os principais bancos centrais talvez precisem desacelerar ou adiar suas decisões sobre política monetária. As taxas dos Fed Funds futuros agora sugerem 67% de chance de apenas uma ou duas altas na taxa de juro neste ano. No início de maio essa relação estava abaixo de 50%.
Como já observado, o aumento na dívida do setor corporativo não-financeiro de 75% em 2007 para mais de 90% do PIB global tem acentuado as preocupações sobre o ciclo de crédito quando o ritmo do crescimento econômico desacelerar. Isso também significa que o mercado de bônus corporativo está mais arriscado ao contágio do estresse no mercado de bônus do governo, em particular na zona do euro onde a média do nível da dívida corporativa de grupos não financeiros está em mais de 100% do PIB - patamar bem superior ao observado nos EUA.
Mercados maduros
No entanto, um problema mais sistêmico tem se mostrado a dívida de governos em mercados mais maduros. "Em particular nos países onde o populismo está em ascensão e tem sido politicamente inviável implementar reformas fiscais, em um ambiente de crescimento lento e baixo índice de inflação", pondera o instituto. Isto significou praticamente nenhum progresso na redução da dívida pública ou do PIB.
Além disso, o pagamento de pensões, assistência médica e outras contingências não estão refletidas nos índices de dívida do governo. Para alguns países, isso aumentaria significativamente a dívida pendente, afirma o relatório. Nos EUA, por exemplo, algumas estimativas sugerem que a inclusão de passivos relacionados à seguridade social, Medicare (sistema de saúde do país voltado para os idosos e para outras pessoas com doenças crônicas) e à dívida do governo estadual e municipal levaria os níveis da dívida do governo dos EUA para mais de 475% do PIB.
Na medida em que as tensões na zona do euro continuem a pressionar o dólar, as vulnerabilidades nos mercados emergentes certamente continuarão em foco. Na opinião do IIF, os índices de endividamento dos mercados emergentes parecem agora mais sensíveis à apreciação do dólar do que em 2009, dados os maiores níveis de endividamento e uma parcela maior da dívida em dólares em alguns casos. (Fabiana Holtz - fabiana.holtz@estadao.com)
Agência Estado