Maioria das mulheres no Alabama votou em Doug Jones
O confronto registrou um abismo entre eleitores do sexo masculino e feminino superior ao que marcou o enfrentamento entre Donald Trump e Hillary Clinton no ano passado.
Na terça-feira, Jones registrou uma vantagem de 16 pontos percentuais sobre seu opositor entre as mulheres, com um placar de 57% a 41%, segundo pesquisa de boca de urna do Edison Research. Moore prevaleceu entre os homens com uma margem semelhante, de 56% a 42%. Entre as mulheres que têm filhos, a vantagem do democrata sobre o republicano foi de 34 pontos percentuais: 66% a 32%.
David Karol, cientista político da Universidade de Maryland, avaliou que a derrota do republicano no Alabama é uma indicação da força que as acusações de abuso sexual ganharam na sociedade americana. Embaladas pelo movimento #MeToo (#EuTambém), muitas mulheres vieram a público nas últimas semanas para denunciar homens em posições de poder, o que levou a renúncias e demissões de parlamentares de ambos os partidos, figuras de Hollywood e jornalistas.
"Trump é parte disso", observou Karol, lembrando que as mulheres que acusaram o presidente de assédio sexual durante a campanha de 2016 vieram a público de novo pedir que o Congresso investigue as alegações. "Essa questão não vai desaparecer."
Evangélico e ultraconservador, Moore liderava as pesquisas de intenção de voto até o início de novembro, quando o Washington Post publicou relatos de mulheres que disseram ter sido molestadas sexualmente pelo candidato quando eram adolescentes, nos anos 70. Na época, ele tinha mais de 30 anos e era promotor distrital no Alabama.
O candidato já era uma figura controvertida, em razão de sua defesa da aplicação da lei divina, da condenação ao homossexualismo e da posição de que muçulmanos não deveriam servir no Congresso dos EUA. Mas as denúncias de caráter sexual reduziram suas chances e se refletiram nos resultados.
Agência Estado