PUBLICIDADE
Notícias

Venezuela dispersa manifestação contra Tribunal Supremo e governo Maduro

21:54 | 04/04/2017
A polícia dispersou nesta terça-feira milhares de manifestantes com gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos d'água lançados de dois caminhões-pipa. Os protestos terminaram com pelo menos nove feridos, um deles por arma de fogo. O protesto foi contra a crise política desatada pela decisão do Tribunal Supremo, depois revertida, de assumir os poderes do Congresso e limitar a imunidade dos legisladores.

A Plaza Venezuela, ponto de partida da marcha, havia sido tomada desde a madrugada por centenas de guardas e policiais que bloquearam os acessos e instalaram cinco pequenos tanques e quatro caminhões-pipa para impedir a manifestação, que não tinha autorização oficial. Os manifestantes decidiram então marchar em ruas próximas à praça, com pedidos de "eleições já". A passagem deles foi interrompida pelas forças de segurança, que trataram de dispersá-los.

Durante mais de uma hora, centenas de pessoas, algumas delas com os rostos cobertos por telas e máscaras, resistiram à ação das forças de segurança e responderam com pedras e outros objetos. Alguns manifestantes entraram em confronto com policiais. A partir de alguns edifícios pertencentes ao governo onde vivem famílias pobres alguns começaram a lançar garrafas contra os manifestantes.

"Em que país do mundo já se viu que alguém vá a um mercado comprar papel higiênico e não tem. Estamos cansados de viver tão mal. Queremos que se cumpra a Constituição, que tenhamos eleições e se respeite a separação dos poderes", afirmou Jorge Colmenares, um administrador de 52 anos, enquanto caminhava na marcha com uma bandeira da Venezuela.

Durante o protesto, o presidente da Assembleia Nacional, deputado Julio Borges, foi agredido pelas forças de segurança. Foi lançado nele gás de pimenta, o que o levou a perder temporariamente a visão, disse seu partido em comunicado.

Centenas de manifestantes bloquearam durante mais de uma hora a principal avenida do país, que liga o leste e o oeste da capital, o que gerou um caos no trânsito. Guardas também usaram gás lacrimogêneo para dispersar esses grupos.

O prefeito oposicionista do município de Chacao, Ramón Muchacho, disse que os protestos desta terça-feira deixaram ao menos nove feridos, oito por golpes e asfixia e um por disparo de arma de fogo.

Em resposta, várias centenas de partidários do governo, membros de milícias e funcionários públicos vestidos com camisas vermelhas saíram às ruas no centro da capital em apoio ao presidente Nicolás Maduro. Horas depois, Maduro disse que está em construção o socialismo para os venezuelanos. O presidente afirmou que os opositores receberam ordem para provocar fatos violentos e "justificar uma intervenção" estrangeira, além de pedir o apoio dos militares.

O número dois do governismo, o deputado Diosdado Cabello, acusou a oposição de promover um golpe de Estado. "Todo aquele traidor da pátria deve ser tratado como inimigo em nosso território", acrescentou ele. Já o deputado Julio Borges disse que na Venezuela houve uma ruptura democrática, com a decisão judicial.

A oposição exige a convocação de eleições e a designação de um Tribunal Supremo "independente". Também exige a retirada das 56 sentenças emitidas pelo máximo tribunal do país contra a Assembleia Nacional nos últimos 15 meses. Os magistrados do Tribunal Supremo são apontados como vinculados ao governismo. Embora no sábado eles tenham revertido a decisão de retirar poderes do Congresso, a crise política não se dissipou, bem como as críticas do exterior.

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou na segunda-feira uma resolução que menciona uma violação da ordem constitucional da Venezuela. Maduro rechaçou a resolução e disse que a OEA atua como "um tribunal de inquisição" e promove o "intervencionismo". Fonte: Associated Press.

TAGS