Presidente das Filipinas ameaça abandonar cooperação militar com os EUA
Uma agência de ajuda do governo dos EUA, a Millennium Challenge Corporation, disse nesta semana que seu conselho definiu que um pacote de assistência ao desenvolvimento nas Filipinas deve passar por revisão, diante de preocupações com o Estado de Direito e as liberdades civis no país. A agência não votou para acabar com o pacote de ajuda, mas Duterte atacou o episódio ao chegar à sua cidade natal de Davao, após visitar Camboja e Cingapura.
"Nós podemos sobreviver sem dinheiro americano", afirmou Duterte. Segundo ele, porém, o acordo de 1998 que prevê a presença de tropas norte-americanas nas Filipinas para exercícios militares conjuntos pode ser revogado. "Não é uma via de mão única", comentou o presidente. "Bye-bye América", afirmou.
A embaixada dos EUA em Manila não havia comentado o episódio.
Duterte, de 71 anos, que se define como um político de esquerda, havia feito ameaças similares antes de chegar ao poder em junho. Enquanto chama os norte-americanos de "filhos da mãe" e "hipócritas", ele elogiou a China por ter "a alma mais boa de todas" e por oferecer o que ele qualificou como assistência significativa. "Então, para que eu preciso dos EUA?", questionou. Duterte também disse que a Rússia é outro importante aliado. "Eles não insultam as pessoas, não interferem."
O governo dos EUA, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas mostram preocupações com a repressão às drogas nas Filipinas, que deixou mais de 2 mil supostos usuários mortos em supostos confrontos com a polícia. Mais de 3 mil outras mortes estão sob investigação para determinar se teriam ligação com a guerra às drogas comandada por Duterte.
Em fala anterior, Duterte disse que matou suspeitos pessoalmente quando era prefeito de Davao. Questionado novamente sobre o assunto, ele disse que pode ter matado "talvez um, dois ou três". Segundo ele, talvez seus disparos tenham atingido os suspeitos, talvez não. "Quando eu digo a vocês que eu matei, não chamem essas pessoas de suspeitos porque todas elas morreram enquanto combatiam gente do governo", afirmou.
Duterte, que tem uma relação difícil com o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou o presidente eleito norte-americano, Donald Trump. Segundo ele, os dois tiveram uma conversa e "ele foi muito legal". "Eu vou apenas esperar", comentou sobre o próximo líder dos EUA. "Nós falamos na mesma linguagem", analisou Duterte. O presidente filipino disse que telefonou a Trump e disse: "Eu gosto da sua língua, é igual a minha". Trump teria respondido, no relato de Duterte: "Sim, sr. presidente, nós somos similares." Fonte: Associated Press.