ONU expressa preocupação por aparente repressão após incêndio em Hong Kong
A ONU expressou nesta terça-feira(9) sua preocupação com a aplicação das "draconianas" leis de segurança nacional pelas autoridades de Hong Kong contra pessoas que exigem responsabilização pelo pior incêndio ocorrido na cidade em décadas.
O balanço do incêndio que devastou um complexo residencial no mês passado subiu para 160 mortos após a identificação de mais um corpo, informou a polícia nesta terça-feira, acrescentando que seis pessoas ainda estavam desaparecidas.
As autoridades afirmam que as chamas se propagaram rapidamente através das redes plásticas que cobriam os andaimes de bambu instalados para obras e que não atendiam às normas de resistência ao fogo.
"Os habitantes de Hong Kong exigem legitimamente respostas e que os culpados sejam responsabilizados, para que as centenas de vítimas sejam devidamente indenizadas e para que uma tragédia assim não volte a ocorrer", declarou em um comunicado Volker Türk, alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos.
A dissidência em Hong Kong foi praticamente sufocada desde a instauração por parte de Pequim da lei de segurança nacional, após as manifestações multitudinárias e, por vezes, violentas de 2019.
Após o incêndio de 26 de novembro, as autoridades alertaram contra aqueles que "se aproveitam da tragédia" e prenderam quatro pessoas por sedição.
"Estou profundamente preocupado com as informações de que estão sendo aplicadas leis draconianas de segurança nacional contra pessoas que publicamente exigiram uma investigação transparente e independente, uma revisão do controle das construções, a responsabilização do governo e apoio aos residentes afetados", indicou Türk.
"Os efeitos cumulativos desses textos refletem uma erosão sistêmica dos direitos humanos", declarou o alto comissário, instando as autoridades "a abandonarem os processos judiciais contra aqueles que exigem responsabilização" pelo incêndio.
rjm/ag/hgs/mb/jc/aa