Declaração controversa sobre a 'submersão' migratória coloca orçamentos franceses em risco

Os comentários do primeiro-ministro francês, François Bayrou, sobre a suposta "submersão" migratória colocaram em risco a negociação dos orçamentos da França com os socialistas, que lhe pediram nesta quarta-feira (29) que se retrate.

"É do interesse do país que o primeiro-ministro retire essas palavras desnecessariamente ofensivas", disse o deputado socialista Philippe Brun, horas depois de seu partido cancelar uma reunião com o governo para negociar o orçamento. 

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Sem maioria na Assembleia Nacional (câmara baixa), o centrista Bayrou, à frente de um governo de centro-direita, decidiu se aproximar da oposição socialista para reunir o apoio necessário para seu projeto de orçamentos para 2025. 

Seu antecessor, o conservador Michel Barnier, decidiu negociar com a extrema direita, que acabou somando seus votos à oposição de esquerda no início de dezembro, levando à queda de seu governo e à censura de seu projeto de contas públicas. 

No entanto, com os níveis de dívida e déficit públicos acima dos limites da zona do euro, o tempo está se esgotando para o governo adotar um orçamento que permita limpar os cofres públicos e tranquilizar os mercados.

Além da retratação, os socialistas também exigem o aumento do salário mínimo e que o governo não reduza o Auxílio Médico do Estado, que permite que migrantes em situação irregular recebam tratamento médico, entre outras medidas. 

A política migratória é um tema de confronto político, especialmente entre a extrema direita — o principal partido da oposição — e o muito conservador ministro do Interior, Bruno Retailleau.

Nesse contexto, a margem de manobra de Bayrou para tentar agradar a todos é limitada. 

Na terça-feira, ele reiterou sua ideia de que a França está "se aproximando" de uma "sensação de submersão" migratória, expressão usada pela extrema direita e que já gerou polêmica. 

O diretor-geral do Gabinete Francês de Imigração e Integração (Ofii), Didier Leschi, disse nesta quarta-feira que "não há submersão migratória" na França e que os debates sobre imigração são "pouco razoáveis".

burs-tjc/avl/aa

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