Governo de Israel aprova cessar-fogo em Gaza

Autor DW Tipo Notícia

Acordo que prevê troca de reféns entre Israel e Hamas e seis semanas de trégua deve entrar em vigor neste domingo, apesar de oposição da ala mais à direita do governo de Benjamin Netanyahu.O governo israelense aprovou na madrugada deste sábado (18/01) o acordo de cessar-fogo com o Hamas, interrompendo a guerra de 15 meses em Gaza por um período inicial de seis semanas. A libertação dos primeiros 33 reféns sequestrados pelo grupo extremista palestino nos ataques de 7 de outubro de 2023 pode começar neste domingo. Em troca, centenas de prisioneiros palestinos serão libertados das prisões israelenses, principalmente mulheres e jovens. Após seis horas de reunião, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, votou a favor do acordo com o Hamas, segundo comunicou o gabinete do mandatário. A decisão era esperada, apesar da resistência de alguns ministros de ultradireita do governo – 24 ministros votaram a favor do acordo e 8 votaram contra. "O governo aprovou o plano de retorno dos reféns", informou o gabinete de Netanyahu em comunicado. O acordo havia sido aprovado anteriormente pelo gabinete de segurança. Ainda restam pendentes questões importantes, como os nomes dos reféns a serem libertados durante a primeira fase do cessar-fogo e a definição de quem ainda está vivo. O governo anunciou a aprovação após a 1h da manhã de sábado, horário de Jerusalém, após reunião que se estendeu até bem depois do início do Sabá judaico – dia de descanso que começa no fim da tarde de sexta. Em uma reunião separada no Cairo, negociadores do Egito, Catar, EUA e Israel concordaram com "todos os arranjos necessários para implementar" o acordo de trégua em Gaza, informou a mídia estatal egípcia. O Egito se prepara agora para abrir uma passagem para Gaza. Tensões de última hora As incertezas sobre o acordo duraram até a manhã desta sexta, quando o gabinete de Netanyahu informou que um acordo para libertar os reféns havia sido alcançado. A Suprema Corte israelense ainda deve ouvir petições contra determinadas partes do pacto, embora muitos entendam que o tribunal não deverá intervir. O pacto, anunciado na noite de quarta-feira, permitirá a libertação de 33 reféns nas próximas seis semanas em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos e da retirada das forças israelenses das áreas mais populosas de Gaza. Após a fase inicial, todos os reféns deverão ser libertados, com a retirada total das tropas de Israel do território. O gabinete de Netanyahu havia acusado o Hamas de renegar parte do acordo em uma tentativa de "extorquir concessões de última hora", sem oferecer detalhes. Ele afirmou que o gabinete não iria se reunir "até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo". O Hamas, por sua vez, se disse determinado a respeitar o acordo conforme anunciado e negou uma suposta oposição ao pacto. Em comunicado, o grupo islamista disse que está "comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores". Um dos porta-vozes do grupo islâmico, Sami Abu Zuhri, acusou Israel de tentar "criar tensão em um momento crítico" e exigiu que o governo dos Estados Unidos aplicasse o acordo. "Não há espaço para debate ou para Netanyahu evitar implementar o acordo de cessar-fogo", afirmou. Ultradireita ameaçou bloquear acordo Ao menos dois membros ultradireitistas do gabinete de segurança expressaram oposição ao cessar-fogo. O ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar ao cargo se o governo aprovar o pacto. Ele disse que o acordo, no formato atual, era "imprudente" e "irresponsável" e que a libertação de centenas de militantes palestinos e a retirada de tropas israelenses de áreas estratégicas de Gaza "apagariam as conquistas da guerra", deixando o Hamas vitorioso. O ministro das Finanças, o ultradireitista Bezalel Smotrich, também se opôs ao acordo, que chamou de "perigoso". O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, porém, disse acreditar que o cessar-fogo iria seguir conforme o planejado. "Estou confiante e espero plenamente que a implementação comece, como dissemos, no domingo", afirmou Israel intensifica ataques, que deixam dezenas de mortos No início desta quinta-feira, as Forças Armadas de Israel lançaram ataques que mataram dezenas de pessoas em diferentes partes do enclave palestino. O Exército israelense relatou ter atingido cerca de 50 alvos em todo o território. As estimativas do número de mortos variam de acordo com os relatos de entidades diferentes. A Defesa Civil de Gaza disse que ataques em várias áreas do território mataram mais de 100 pessoas e deixaram centenas de feridos. O braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, alertou que os ataques israelenses colocam em risco as vidas dos reféns que seriam libertados sob o acordo e poderiam transformar sua "liberdade em tragédia". Mesmo com a intensificação dos ataques antes do início da trégua, muitos moradores de Gaza que foram forçados a se deslocar para outras partes do território devido à guerra já se preparavam para retornar para suas casas. Mais de 46 mil mortos em Gaza A guerra na Faixa de Gaza teve início com os atentados terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas, a maioria civis. Nos ataques mais mortais da história israelense, o grupo palestino fez 251 reféns, 94 dos quais ainda estão detidos em Gaza, incluindo 34 que os militares israelenses dizem estarem mortos. A reação de Israel destruiu grande parte de Gaza e matou mais de 46.000 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com números do Ministério da Saúde do território palestino administrado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis. rc (AFP, Reuters)

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