Yellen diz ser urgente acordo do G7 para redirecionar ativos russos à Ucrânia

A secretária americana do Tesouro, Janet Yellen, afirmou nesta terça-feira (27) ser urgente que o G7 chegue a um acordo para usar os lucros dos ativos russos congelados e redirecioná-los para a Ucrânia, antes de uma reunião do grupo prevista para amanhã em São Paulo.

Multiplicam-se nos Estados Unidos e na Europa os apelos para se criar um fundo para a Ucrânia com os bilhões de dólares em contas bancárias, investimentos e outros ativos congelados pelo Ocidente após a invasão russa, lançada em fevereiro de 2022.

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"É necessário e urgente que nossa coalizão encontre uma forma de desbloquear o valor destes ativos imobilizados para apoiar a resistência contínua e a reconstrução de longo prazo da Ucrânia", disse Yellen a jornalistas em São Paulo, onde ela participará de uma reunião de ministros das Finanças do G20 na quarta e na quinta-feira.

"Há fortes argumentos de direito internacional, econômicos e morais para avançar nisso. Seria uma resposta decisiva à ameaça sem precedentes da Rússia à estabilidade mundial. Isso deixaria claro que a Rússia não pode ganhar alongando a guerra e a incentivaria a se sentar à mesa para negociar uma paz justa com a Ucrânia", acrescentou.

Durante uma coletiva de imprensa em Ottawa, a ministra das Finanças do Canadá, Chrystia Freeland, disse estar "100% de acordo" com Yellen. "Precisamos, mais do que nunca, mostrar a Putin que falamos sério", acrescentou.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, já havia pedido no domingo em uma coluna no Sunday Times, uma ação "mais audaciosa" a respeito, e instou o Ocidente a começar por dispor dos juros dos bens russos.

O ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, chamou hoje de "equivocada" a proposta e alertou que seu país dará uma "resposta simétrica" com os ativos congelados estrangeiros que tem em seu poder.

A proposta "mina os cimentos e pilares do sistema financeiro mundial", disse em São Paulo Siluanov, citado por agências russas de notícias. "Agora é preciso resolver os problemas não mediante uma escalada, mas buscando saídas para a situação em que nos encontramos. Se os colegas agem assim, teremos uma resposta simétrica", alertou.

Dois anos depois da invasão russa, os países ocidentais têm cada vez mais dificuldades para continuar fornecendo dinheiro e armas à Ucrânia, que advertiu que precisa desesperadamente de mais ajuda.

No domingo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu ao Congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma ajuda de U$ 60 bilhões (R$ 297 bilhões), bloqueada na Câmara de Representantes pelos republicanos.

O presidente americano, Joe Biden, pediu hoje que líderes democratas e republicanos do Congresso desbloqueiem esse novo pacote, para evitar consequências "nefastas".

As potências ocidentais congelaram cerca de 397 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 2 trilhões, em cotação atual) da Rússia em ativos do banco central, iates, bens imóveis e outros de oligarcas próximos do presidente Vladimir Putin.

A proposta de redirecionar conjuntamente os lucros dos ativos congelados traz riscos, inclusive possíveis ações legais russas e um certo temor de que outros países, como a China, reduzam seus investimentos no Ocidente para se proteger de eventuais medidas similares.

Yellen afirmou que a possibilidade de "um distanciamento maciço das divisas" de países ocidentais em resposta ao confisco de fundos russos significaria uma ameaça para a estabilidade financeira.

Mas disse que se o G7 - Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia - agir em conjunto, o risco seria mínimo.

"Penso que (a instabilidade financeira) é extremamente improvável, especialmente dada a singularidade desta situação, em que a Rússia está violando descaradamente as normas internacionais e um grupo de países que representa metade da economia global (...) tem a capacidade de trabalhar juntos", avaliou.

O enviado especial da Grécia para a Ucrânia, Spiros Lampridis, disse ontem à AFP, por sua vez, que a União Europeia está perto de se apoderar dos rendimentos russos, estimando que seja uma "questão de meses".

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