Jogos Paralímpicos têm seis meses para vencer e convencer

Em 28 de agosto, mais de 4.000 atletas se reunirão em Paris para os primeiros Jogos Paralímpicos da história da França, um evento que tem como desafios a acessibilidade e atrair a atenção do público.

As arquibancadas estarão cheias? A cidade será acessível o suficiente para competidores e visitantes? As pessoas vão vibrar com os campeões?

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São muitas as perguntas seis meses antes dos Jogos, cuja cerimônia de abertura será na Praça da Concórdia, em Paris, e que devem atrair a atenção mundial durante onze dias.

O número de assentos vazios nas arquibancadas será especialmente examinado. Será o indicador mais claro de que estes Jogos conseguiram gerar o interesse popular que os organizadores pretendem.

Segundo os últimos dados fornecidos pela organização à AFP, na semana passada haviam sido vendidos ou reservados mais de 870 mil ingressos (de um total de 2,8 milhões), ou seja, cerca de 23%.

"É uma curva de venda normal para os Jogos Paralímpicos", explicou Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional. "Sabemos que as coisas vão acelerar à medida que os Jogos se aproximam", confia.

A mesma opinião tem Tony Estanguet, presidente do comitê organizador, segundo suas palavras em um encontro com a imprensa em dezembro.

"Tradicionalmente, em todas as últimas edições dos Jogos (Paralímpicos), quase metade dos ingressos é vendida na hora dos Jogos Olímpicos, de maneira muito tardia, e é muito provável que não haja exceção", indicou.

Novas campanhas de comunicação relacionadas ao evento serão lançadas em breve. O Comitê de Organização mantém seu trabalho de promoção ao grande público para divulgar as particularidades dos Jogos e seu sistema de classificação.

Para conseguir atrair espectadores aos locais de competição, Paris, frequentemente apontada por seus vários obstáculos nos transportes, deverá enfrentar o desafio da acessibilidade. Apenas 14% de sua rede de metrô, muito antiga, estará adaptada até os Jogos Olímpicos.

"Fala-se muito que Paris não estará adaptada, mas não sei quem poderia esperar que todos os metrôs estariam adaptados até Paris-2024", relativiza à AFP Dimitri Jozwicki, atleta paralímpico.

"Por outro lado, se isto nos permitir perceber que não estamos adaptados e depois forem postas em prática medidas para resolver o problema, então Paris-2024 terá servido a um propósito", acrescentou.

Segundo Ludivine Munos, responsável pela integração paralímpica no Comitê de Organização, além dos transportes coletivos, as pessoas com deficiência "terão três modos de ir aos Jogos".

"Seja no veículo disponibilizado pela IDFM (Île-de-France Mobilités, entidade regional de transportes) e que permitirá às pessoas chegarem às sedes a partir das grandes estações, ou chegando de táxi, VTC ou veículo pessoal a uma área muito próxima ao último controle de segurança antes da entrada".

A última forma, para pessoas em cadeiras de rodas, será "estacionar no local, pois haverá vagas para pessoas com ingressos para cadeiras de rodas".

Haverá possibilidades de recebimento e acompanhamento ao local correspondente e de ferramentas para os espectadores, como a audiodescrição durante as provas, que estão ainda em fase de desenvolvimento.

Do ponto de vista da hospedagem na região parisiense, a presidente da associação APF France Handicap, Pascale Ribes, destaca o número "muito limitado" de quartos adaptados: "2.950 quartos", segundo a sua contagem, "quando esperamos entre 4.000 e 5.000 pessoas em cadeiras de rodas todos os dias durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos".

A plataforma Accès-Libre, promovida pelo governo, deve trabalhar na contagem de locais com acessibilidade (hotéis, restaurantes, banheiros públicos) na cidade, como uma ajuda extra para competidores e visitantes.

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